O Catar pediu aos países árabes do Golfo que mantenham conversas com o Irã - afirmou o ministro catari das Relações Exteriores, xeque Mohamed Abderrahmane Al-Thani, em entrevista na terça-feira, duas semanas após a reconciliação entre Doha e seus vizinhos.
Em entrevista transmitida nesta terça-feira (19/01) pela televisão Bloomberg, o xeque Al-Thani manifestou a esperança de que esse "diálogo aconteça".
"É também um desejo de outros países do Conselho de Cooperação do Golfo", acrescentou, referindo-se ao CCG, que inclui, além de seu país, Bahrein, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã e Kuwait.
Boicotado desde junho de 2017 por quatro países árabes, incluindo três de seus vizinhos do Golfo, principalmente por causa de laços considerados muito próximos ao Irã, o Catar se reconciliou com eles em uma cúpula do CCG em 5 de janeiro, na Arábia Saudita.
Catar e Irã compartilham um dos maiores campos de gás marítimo do mundo, e Doha mantém relações cordiais com Teerã. Doha também é uma aliada próxima de Washington.
Sua aposta no diálogo regional surge no momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, arquiteto da política de "pressão máxima" sobre o Irã, está prestes a deixar a Casa Branca.
Grande rival regional do Irã, a Arábia Saudita, que frequentemente acusa seu vizinho de interferência, parece relutante em travar um diálogo.
O príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, vê a reaproximação entre as monarquias do Golfo como uma vantagem para enfrentar as "ameaças colocadas pelo programa de mísseis nucleares e mísseis balísticos do regime iraniano".
"O Catar facilitará as discussões, se os interessados solicitarem, e apoiará qualquer um que o faça", ressaltou o xeque Mohamed na Bloomberg.