ESTADOS UNIDOS

Pandemia impõe desafio logístico a ritual de mudança das famílias na Casa Branca

Normalmente a mudança presidencial é uma operação de precisão: ambos os movimentos são geralmente realizados em cerca de cinco horas. O relógio normalmente começa a contar quando os dois presidentes deixam a Casa Branca juntos para se dirigirem ao Capitólio para a cerimônia de juramento, mas neste ano está sendo diferente

A pandemia de coronavírus pode ser um complicador para a criteriosa mudança presidencial na mansão executiva, que precisa executar o ritual de retirar os pertences do antigo presidente e preparar a residência para o novo no dia da posse. O mandato do presidente republicano Donald Trump se encerra na quarta-feira, 20, quando o democrata Joe Biden assume nas escadarias do Capitólio, por volta de meio-dia.
De acordo com o site da revista Newsweek, fotografias tiradas do lado de fora da residência oficial mostram o transporte de caixas com o símbolo da presidência e sugerem que a família Trump já iniciou os preparativos para seu retorno à vida civil fora do poder. Trabalhadores foram vistos descarregando paletes de caixas de papelão perto do Escritório Executivo Eisenhower na quarta-feira, onde trabalham a filha do presidente Ivanka Trump e seu marido, Jared Kushner.
Normalmente a mudança presidencial é uma operação de precisão: ambos os movimentos são geralmente realizados em cerca de cinco horas. O relógio normalmente começa a contar quando os dois presidentes deixam a Casa Branca juntos para se dirigirem ao Capitólio para a cerimônia de juramento. O processo continuaria durante a cerimônia e o desfile pela Avenida Pensilvânia até a Casa Branca.
"Eles basicamente têm os caminhões de mudança esperando do lado de fora dos portões da Casa Branca", disse Matt Costello, historiador do White House Historical Association. "E assim que o presidente no cargo e o presidente eleito saem, começa o movimento de mudança, embalando as coisas do presidente que está saindo e desempacotando as coisas da nova primeira-família."
A mulher de Biden, Jill, disse na sexta-feira que ela e o presidente eleito passaram os últimos dois meses se preparando para se mudar de sua casa em Wilmington, Delaware.
Mas as coisas vão se desenrolar um pouco diferente este ano. Trump, ainda irritado com a derrota na reeleição, não comparecerá à cerimônia de posse. Ele também deve deixar a cidade pela manhã, antes que Biden faça o juramento, o que significa que os dois não cumprirão a tradição de seguir para o Capitólio juntos.
Dependendo do horário que Trump sair da residência, administradores e outros funcionários que ajudam na mudança poderiam ter uma vantagem inicial para conduzir o processo.
Os organizadores da posse reduziram a lista tradicional de eventos deste ano por causa da pandemia, que agora é responsável por quase 400 mil mortes no país. Um almoço para o novo presidente no Capitólio foi cancelado e o desfile de uma hora pela Avenida Pensilvânia até a Casa Branca será virtual.
Essa combinação de eventos no passado manteve o novo presidente e a primeira-dama fora da Casa Branca por tempo suficiente para que o pessoal terminasse de organizar suas roupas, móveis e outros itens pessoais.
A pandemia pode afetar o processo de mudança de outras maneiras. Alguns especialistas em saúde pública disseram que é importante que a Casa Branca tome precauções extras para reduzir a propagação da doença transmitida pelo ar durante a movimentada mudança.
A Casa Branca foi palco de vários surtos de coronavírus que infectaram dezenas de funcionários e o próprio presidente Trump e sua mulher, Melania. Biden, com 78 anos, está no grupo de risco e é testado regularmente para o coronavírus. Recentemente ele recebeu sua segunda e última dose da vacina.
Linsey Marr, uma professora de engenharia da Virginia Tech com experiência na transmissão aérea de vírus como o coronavírus, disse que os governantes e outros funcionários devem se certificar de usar coberturas faciais, pois se esforçarão durante as cinco ou seis horas que normalmente leva para finalizar o processo. "Haverá muita gente lá movendo as coisas para dentro e para fora", disse ela. Marr também sugeriu que os Bidens esperem algumas horas após a conclusão da mudança para entrar na residência.
A Casa Branca normalmente é completamente limpa na transição das famílias, disse Anita McBride, que como assistente do presidente George W. Bush ajudou a coordenar sua mudança da mansão em 2009. "Tudo passa por uma grande limpeza", disse ela.
As camas são removidas, os colchões substituídos, os tapetes limpos ou substituídos e novas camadas de tinta são aplicadas, conforme necessário.
O principal supervisor da equipe de limpeza normalmente coordena com alguém da equipe do novo presidente para aprender sobre suas preferências para que a residência se pareça o mais próximo de sua em casa, com roupas penduradas nos armários e comidas favoritas na cozinha.
Assim que os caminhões de mudança que estão esperando passam por uma forte revisão de segurança e entram nos terrenos da Casa Branca, os funcionários da residência se dividem em grupos para realizar tarefas específicas. Alguns lidarão apenas com os pertences de Trump, enquanto outros terão a tarefa de colocar o conteúdo das caixas de Biden em seus lugares designados.
O principal gerente se reporta a Melania Trump, que visitou os aposentos da Casa Branca em novembro de 2016, quando acompanhou Donald Trump à Casa Branca para uma reunião pós-eleitoral com o então presidente Barack Obama. O presidente Trump quebrou a tradição e não convidou os Bidens para uma reunião semelhante.
Fonte: Associated Press