Pandemia

Dinamarca lidera vacinação contra covid-19 na União Europeia

Mais de 129.170 pessoas na Dinamarca receberam a primeira dose da vacina desde o início da campanha, que começou em dezembro

A Dinamarca já vacinou mais de 2% de sua população contra o novo coronavírus, graças a uma logística eficiente de distribuição, o que coloca este pequeno país escandinavo em primeiro lugar em vacinação na União Europeia.

Ao contrário de outros países que, por prudência, ou por uma organização complexa, mantêm inúmeras doses no freezer para a segunda dose, a Dinamarca decidiu usar seus estoques da vacina Pfizer/BioNTech o mais rápido possível.

"A posição do governo é que, a partir do momento em que as vacinas tocam o solo dinamarquês, elas devem ser usadas", disse a primeira-ministra, Mette Frederiksen.

Graças a uma logística eficiente e a uma rápida campanha em lares de idosos - onde quase todos os voluntários já foram vacinados -, a Dinamarca lidera os países da UE, bem à frente da Itália e da Eslovênia, a um ritmo quase três vezes mais rápido do que a média do bloco, de acordo com dados da AFP.

Segundo os últimos dados de quinta-feira (14), mais de 129.170 pessoas na Dinamarca receberam a primeira dose da vacina desde o início da campanha, em 27 de dezembro, ou 2,2% dos 5,8 milhões de habitantes.

Identificador digital 

"Nossa configuração permite uma distribuição rápida e temos uma infraestrutura informática muito boa, que nos permite registrar a vacina toda vez que alguém a recebe", usando o identificador digital da Previdência Social, explica Jens Lundgren, professor da Universidade de Copenhague, especialista em doenças contagiosas.

O fato de iniciar a vacinação em lares de idosos e de dependentes, onde a vacina é administrada nos centros, permitiu iniciar a campanha com números elevados, afirma a epidemiologista Lone Simonsen, professora da Universidade de Roskilde.

Para aumentar o número de pessoas tratadas com a primeira dose, o país é um dos que decidiram atrasar a aplicação da segunda dose, em até seis semanas, prática validada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar da relutância do fabricante.

No centro de vacinação de Roskilde, nos arredores de Copenhague, Mikael Jensen, de 75 anos, saiu vacinado da primeira dose com uma convocação para a segunda em três semanas. Este aposentado, que fez um transplante de rim, manifestou à AFP seu "alívio". Neste centro, o pessoal de saúde vacina uma pessoa a cada 12 minutos, diz seu responsável, Kim Christiansen.

Todos terão sua segunda dose a tempo, assegura Trine Holgersen, chefe dos serviços de saúde da região da Zelândia, que prevê iniciar as segundas doses na segunda-feira. "Sabemos exatamente onde devemos estar, a que horas e em que pessoa injetar", garantiu.

Corrida contra variante 

A intenção das autoridades de saúde é vacinar todos os voluntários - 80% dos dinamarqueses, segundo pesquisas - até junho. "Nosso objetivo é poder vacinar 100 mil dinamarqueses por dia quando tivermos vacinas disponíveis", promete Frederiksen.

Depois de uma estagnação por quatro dias, o número de vacinas aumentou acentuadamente na quarta-feira, véspera da nova campanha de vacinação da Moderna. Nesse caso, o país decidiu guardar metade das doses.

Além de possíveis problemas de abastecimento, o ritmo pode diminuir agora que as pessoas terão de se deslocar para os centros de vacinação, alerta Lundgren. "Temos infraestrutura, mas as pessoas terão de ir ao posto de vacinação. Isso pode mudar drasticamente as estatísticas", afirma.

A Dinamarca enfrenta outro problema: a variante mais contagiosa descoberta no Reino Unido, que, na quarta-feira, foi detectada em 200 casos e continua se espalhando rapidamente. "Com a nova variante, é uma corrida contra sua expansão e a necessidade de vacinar", diz Simonsen.

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