Justiça

Serviços penitenciários russos prometem prender Navalny se ele voltar

O FSIN acusa Navalny de não ter-se apresentado aos serviços prisionais russos duas vezes por mês, conforme exigido pelas condições de suspensão de pena

Os serviços penitenciários russos (FSIN) anunciaram nesta quinta-feira (14) que prenderão o opositor Alexei Navalny se ele retornar ao país, como planeja fazer no próximo domingo, uma vez que o acusam de violar as condições de suspensão de uma pena de prisão.

"O serviço penitenciário federal russo é obrigado a tomar todas as medidas necessárias para prender o infrator Alexei Navalny, à espera de uma decisão do tribunal para substituir sua pena com sursis por uma pena de prisão em regime fechado", afirmou o FSIN em um comunicado.

O FSIN acusa Navalny, que se recupera há meses na Alemanha após uma suposta tentativa de envenenamento, de não ter-se apresentado aos serviços prisionais russos duas vezes por mês, conforme exigido pelas condições de suspensão de pena de cinco anos de prisão, à qual foi condenado em 2015.

Embora o FSIN admita "levar em consideração" o fato de Alexei Navalny ter estado em coma por três semanas em um hospital de Berlim, afirma que o opositor não respondeu a uma intimação em 23 de outubro, e apenas "notificou um mês depois" às autoridades russas que estava na Alemanha.

"O fato de estar em processo de reabilitação não é motivo para não comparecer" para a inspeção penitenciária, avaliou o FSIN, acrescentando que Navalny "foi colocado na lista de pessoas procuradas com a ordem de tomar providências para prendê-lo ao apurar seu paradeiro".

Em agosto, Navalny, um feroz militante anticorrupção e inimigo declarado do Kremlin, sentiu-se mal em um avião. Ele voltava de uma viagem à Sibéria.

O avião fez um pouso de emergência na cidade russa de Omsk, onde o ativista ficou hospitalizado por cerca de 48 horas antes de ser transferido para a Alemanha em estado de coma.

O opositor conseguiu se recuperar, e três laboratórios europeus concluíram que ele havia sido envenenado por uma substância neurotóxica do tipo Novichok, concebida por especialistas soviéticos para fins militares.

Esses resultados foram confirmados pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ). Uma investigação de diversos meios de comunicação apontou que os serviços especiais russos (FSB) eram os responsáveis pelo envenenamento.

Desde que saiu do coma, Navalny acusa Putin de ordenar seu assassinato, algo que o Kremlin nega. Na quarta-feira, Navalny anunciou que retornará à Rússia no domingo, 17 de janeiro, apesar da ameaça de uma sentença de prisão.

"Eu sobrevivi. E agora (o presidente russo, Vladimir) Putin, que ordenou meu assassinato (...) manda seus servos fazerem de tudo para que eu não volte", disse o opositor, de 44 anos, em um vídeo postado em sua página no Instagram. Ele acrescentou que comprou uma passagem em um voo comercial para 17 de janeiro.

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