O opositor russo Alexei Navalny, que atualmente se recupera na Alemanha após ter sido vítima de envenenamento em agosto, anunciou nesta quarta-feira (13) que retornará à Rússia no domingo, 17 de janeiro, apesar da ameaça de uma sentença de prisão.
"Eu sobrevivi. E agora (o presidente russo, Vladimir) Putin, que ordenou meu assassinato (...) manda seus servos fazerem de tudo para que eu não volte", disse o opositor de 44 anos em um vídeo postado em sua página no Instagram.
Ele acrescentou que comprou uma passagem em um voo comercial para o dia 17 de janeiro.
"Nunca me perguntei 'voltar ou não voltar'. Simplesmente porque não parti. Encontrei-me na Alemanha depois de chegar em uma caixa de reanimação", disse ele.
Em agosto, Navalny, um feroz militante anticorrupção e inimigo declarado do Kremlin, sentiu-se mal num avião, em voo voltando de uma viagem na Sibéria.
O avião fez um pouso de emergência na cidade russa de Omsk, onde o ativista ficou hospitalizado por cerca de 48 horas antes de ser transferido para a Alemanha em estado de coma.
O opositor conseguiu se recuperar e três laboratórios europeus concluíram que ele havia sido envenenado por uma substância neurotóxica do tipo Novichok, concebida por especialistas soviéticos para fins militares.
Esses resultados foram confirmada pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e uma investigação de diversos meios de comunicação apontou que os serviços especiais russos (FSB) eram os responsáveis pelo envenenamento.
Desde que saiu do coma, Navalny acusa Putin de ordenar seu assassinato, algo que o Kremlin nega.
O ativista corre o risco de ser preso na Rússia, já que a Justiça russa aceitou na terça-feira uma ação solicitando que uma suspensão da pena concedida ao opositor seja convertida em prisão.
De acordo com o site dos tribunais de Moscou, uma ação judicial reivindica "a anulação de uma sentença" de suspensão da pena concedida a Navalny por "desrespeito às obrigações exigidas".
Navalny alega que a denúncia foi apresentada pelos Serviços Penitenciários Russos (FSIN) sobre uma condenação proferida em 2014 e a considera uma manobra para impedi-lo de retornar ao seu país.
No final de dezembro, uma investigação foi aberta na Rússia contra ele "por fraude em larga escala" por ter supostamente gasto, para fins pessoais, doações recebidas no valor de 356 milhões de rublos (3,9 milhões de euros, 4,3 milhões de dólares correntes).
As autoridades mencionam em particular as doações ao Fundo de Combate à Corrupção, fundado pela oposição, e as de cinco outras organizações de direitos humanos das quais Navalni é o "diretor de fato".
A legislação russa prevê uma pena de até dez anos de prisão por este delito.