Pandemia

Pandemia continua a se acelerar, um ano após anúncio da 1ª morte na China

Quase dois milhões de mortes foram registradas em mais de 90 milhões de casos confirmados

Uma equipe de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) finalmente chegará à China nesta semana para iniciar a investigação sobre a origem do coronavírus, mais de um ano após seu surgimento e em um contexto de aumento de casos na Europa e na América do Norte.

Acusado de tentar bloquear a investigação, o governo chinês confirmou, nesta segunda-feira (11), que os dez especialistas da OMS finalmente chegarão na quinta-feira (14) para realizar "investigações conjuntas com cientistas chineses", segundo um comunicado do Ministério da Saúde.

A missão de investigação na China é altamente esperada no nível político, especialmente quando o custo humano e econômico da pandemia gerou raiva e frustração em todo mundo, onde quase dois milhões de mortes foram registradas em mais de 90 milhões de casos confirmados.

Na Europa, o número de infecções continua aumentando. A chanceler alemã, Angela Merkel, alertou que "a fase mais difícil da pandemia" ocorrerá nas próximas semanas, e o Reino Unido acelerou o combate ao vírus abrindo novos centros de vacinação.

Pequim enfrenta críticas internacionais por sua falta de transparência durante os primeiros dias da pandemia. Estados Unidos e Austrália lideraram os pedidos internacionais, exigindo uma investigação independente, o que irritou a China.

O anúncio da chegada da equipe da OMS coincide com o aniversário da primeira morte confirmada na China, na cidade de Wuhan (centro). Um mercado nesta metrópole de 11 milhões de habitantes é visto como o primeiro grande foco da pandemia.

No entanto, o aniversário da primeira morte passou despercebido nesta segunda-feira em Wuhan, onde seus habitantes se dedicaram pela manhã às suas ocupações habituais.

"Wuhan é a cidade mais segura da China e até mesmo do mundo agora", disse à AFP Xiong Liansheng, de 60 anos, em um parque movimentado às margens do rio Yangtze, onde aposentados praticam exercícios físicos.

Hospitais saturados 

A recuperação de Wuhan, a primeira cidade a ser confinada em janeiro de 2020, contrasta com a situação em muitas partes do mundo, onde a pandemia continua seu curso com o aparecimento de novas cepas mais contagiosas e governos que se preparam para impor novos confinamentos e toques de recolher.

As novas ondas de infecções na Europa e na América do Norte chegaram em um momento em que as vacinas contra a covid-19 começaram a ser administradas, após aprovações e desenvolvimento em tempo recorde.

Com os hospitais à beira da saturação, devido ao surgimento de uma nova cepa e quando o país está em total confinamento, o governo britânico abriu sete grandes centros de vacinação contra o coronavírus. "As próximas semanas serão as piores desta pandemia", advertiu o principal conselheiro médico do governo, Chris Whitty, à rede BBC nesta segunda-feira.

As autoridades britânicas pretendem imunizar 15 milhões de pessoas até meados de fevereiro. Do outro lado do Atlântico, no México, que ocupa o quarto lugar entre os países com maior número de mortes e o segundo da América Latina, a pandemia deixou os hospitais em estado "crítico", com paramédicos lutando para encontrar leitos vagos para os pacientes.

"Para haver capacidade de resposta [nos hospitais] é preciso ter altas, ou mortes. É difícil, mas é a verdade", disse à AFP Ángel Zúñiga, coordenador de emergências da Cruz Vermelha de Toluca, a 40 quilômetros da capital.

'Viver sem medo' 

O papa Francisco e a rainha Elizabeth II da Inglaterra se juntaram neste último final de semana aos líderes que apoiam publicamente a campanha global de vacinação, em um contexto de certo ceticismo entre os cidadãos.

"Há um negacionismo suicida que não consigo explicar", disse o papa Francisco no domingo (10), anunciando que será vacinado esta semana e incentivando a população a seguir seus passos. "Tem que ser feito", frisou. Segundo país mais populoso do mundo, a Índia se prepara para lançar no sábado sua colossal e complexa campanha de vacinação, que visa a imunizar 300 milhões de seus 1,3 bilhão de habitantes.

Mais de 150.000 pessoas morreram de covid-19 na Índia, cuja economia é uma das mais afetadas do mundo e onde milhões de pessoas não têm meios de sobreviver. "Mal posso esperar para ser vacinado e viver sem medo e sem máscara o tempo todo. O ano passado foi muito difícil", disse à AFP Shatrughan Sharma, um trabalhador de 43 anos de Nova Délhi.

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