O Peru reiniciou nesta quinta-feira (7/1) um plano nacional de testes de rastreio da covid-19 em bairros populares de Lima e províncias na tentativa de mitigar o impacto de uma segunda onda da pandemia.
Desde manhã cedo, as brigadas médicas, apoiadas por patrulhas militares, ativaram o plano, que tem como objetivo examinar umas 10.000 pessoas vulneráveis à doença por serem idosos ou sofrerem de comorbidades, segundo o Ministério da Defesa.
Em Lima, no populoso distrito de El Agustino, enfermeiros cobertos dos pés à cabeça com trajes de proteção azuis, máscaras, luvas e botas descartáveis coletaram amostras de swab de centenas de moradores.
"O que estamos vendo é um aumento dos casos e não na mesma quantidade do que na primeira vez, mas não queremos que dobrem ou tripliquem, por isso as operações têm que continuar durante este ano e uma vez por semana", disse à AFP Antonieta Alarcón, Diretora da Área Leste de Lima do Ministério da Saúde.
Ações similares de descarte de casos começaram também nas regiões de Tacna e Ica (sul), em Puno, Apurímac e Cajamarca (nos Andes), em Huánuco (leste) e em Lambayeque, La Libertad e Piura (norte).
O Peru superou nas vésperas do Natal o milhão de contágios e as mortes confirmadas por covid-19 beiram as 38.000, em meio a um repique do novo coronavírus.
Em Lima, a operação sanitária foi realizada com 2.850 pessoas em 685 residências de El Agustino. Este distrito é um dos mais afetados pela doença: 23.000 de seus 225.000 moradores testaram positivo para a covid-19 desde março.
"As pessoas devem tomar consciência já e se cuidar porque não é brincadeira, estamos todos vendo os casos", disse à AFP Olga Espino, uma mulher de 64 anos, moradora de El Agustino.
A capital peruana, com 10 milhões de habitantes, dos quais pelo menos dois milhões vivem em condições precárias, é um dos principais focos de propagação do coronavírus no país.
Um estudo de prevalência do ministério da Saúde indica que 40% dos limenhos teriam se infectado com o vírus.
Operação Tayta
A operação sanitária foi nomeada de 'Tayta', pai em quéchua, idioma dos antepassados andinos peruanos. Em 2020, entre junho e dezembro, atendeu 315.833 pessoas.
Os casos positivos têm controle médico e recebem assistência alimentar durante as duas semanas de quarentena a que devem obedecer para não contagiar outras pessoas.
A ministra da Saúde, Pilar Mazzetti, advertiu que embora o aumento dos casos não seja o mesmo do início da pandemia, o correto é pensar que está levando a uma segunda onda.
As operações de rastreio foram iniciadas no dia seguinte ao anúncio governamental da compra de 52 milhões de vacinas contra a covid-19 da farmacêutica chinesa Sinopharm (38 milhões) e da britânica AstraZeneca (14 milhões).
Um primeiro lote de um milhão de vacinas da Sinopharm chegará ao Peru antes do fim de janeiro e será aplicado ao pessoal médico.
O governo peruano decidiu em 18 de dezembro que a vacina será aplicada de forma gratuita a toda a população.