Os militares dos EUA acusaram pela primeira vez na segunda-feira (4) o Talibã de uma série de ataques contra personalidades afegãs conhecidas, especialmente jornalistas e defensores dos direitos humanos.
"A campanha do Talibã de ataques não reivindicados e assassinatos de funcionários do governo, líderes da sociedade civil e jornalistas deve (...) cessar para que a paz prevaleça", escreveu no Twitter o coronel Sonny Leggett, porta-voz das forças dos EUA no Afeganistão.
O país passou por uma série de assassinatos de personalidades nas últimas semanas, incluindo membros da mídia, políticos e defensores dos direitos humanos. Um vice-governador da província de Cabul, cinco jornalistas e o chefe de uma organização independente de observação eleitoral morreram desde novembro.
As autoridades afegãs acusaram o Talibã desses ataques, embora o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) tenha assumido a responsabilidade por alguns. Os Estados Unidos nunca haviam se manifestado sobre o assunto até agora.
Há alguns meses, a capital Cabul e várias províncias afegãs vivenciaram um aumento da violência, apesar das negociações de paz entre os talibãs e o governo em curso desde setembro em Doha. Suspensas em meados de dezembro, as negociações com o objetivo de encerrar quase 20 anos de guerra devem ser retomadas na terça-feira.
Para impulsionar o processo de paz, o Departamento de Estado dos EUA anunciou que seu enviado especial para o conflito, Zalmay Khalilzad, voltaria ao Catar para se encontrar separadamente com funcionários do Talibã e do governo afegão.
Os talibãs acusaram as forças americanas de realizar ataques aéreos contra eles nos últimos dias nas províncias de Kandahar e Helmand (sul) e Nangarhar (leste).
Os insurgentes consideram que esses ataques violam o acordo assinado em fevereiro de 2020 em Doha com os Estados Unidos, que ratificou a retirada total das tropas norte-americanas do Afeganistão até maio de 2021 em troca de garantias de segurança e do compromisso dos talibãs para negociar com o governo afegão.
Em 2020, o Talibã realizou mais de 18.000 ataques, de acordo com o chefe da inteligência afegã Ahmad Zia Siraj.