Os 10 milhões de habitantes de Lima acordaram neste domingo sob uma quarentena obrigatória destinada a conter a segunda onda da pandemia covid-19, que infectou 120 mil peruanos neste mês.
O confinamento, que vai durar até 14 de fevereiro, abrange também a cidade portuária de Callao, adjacente a Lima, e outras oito regiões do litoral, planalto andino e selva amazônica que sofrem, desde o final de dezembro, o maior impacto da segunda onda.
“As medidas são duras (...), mas no momento são necessárias. Precisamos desses 15 dias [de confinamento]. Se cumprirmos, podemos reduzir o número de infecções”, disse o número dois do governo peruano , Violeta Bermúdez, no sábado., Ao canal RPP.
A quarentena obriga metade dos 33 milhões de peruanos a ficar em casa, na tentativa de conter o contágio do covid-19, que vem aumentando sem pausa desde a última semana de dezembro, após ter diminuído gradativamente desde agosto.
As novas infecções triplicaram este mês, de 1.688 por dia em média na última semana de dezembro para 5.668 nesta semana, de acordo com dados oficiais.
O número de mortos passou de 51 por dia, em média, na última semana de dezembro, para 180 nesta semana; e os hospitais peruanos começam a saturar, com 11.715 pacientes com covid-19. Em meados de dezembro, eram 3.900.
Falta de oxigênio
Dos pacientes internados, 1.859 permanecem em terapia intensiva com ventilação mecânica. E a falta de oxigênio medicinal leva centenas de moradores de Lima a fazer fila de até 72 horas, dormindo na rua, para comprar esse elemento essencial para seus parentes gravemente enfermos.
“Se não trouxermos oxigênio [minha mãe, 69 anos], morreremos”, disse Yulisa Torres, 46, à AFP, enquanto esperava com resignação para recarregar um tanque em um local em Callao. Em janeiro, quase 120 mil pessoas no Peru contraíram covid-19, o dobro de dezembro, de acordo com o balanço oficial, e a tendência continua aumentando.
O país andino acumula 1.133.022 infecções, desde o surgimento do vírus em março passado. 1.045.854 deles foram curados.
Fechar Machu Picchu
Desde este domingo, os cassinos, academias e igrejas estão fechados, assim como museus e sítios arqueológicos, como a cidadela inca de Machu Picchu, a joia do turismo peruano, que reabriu no dia 1º de novembro após oito meses sem visitantes.
A educação não será afetada porque as escolas e universidades estão nas férias de verão (austral).
Entre março e junho do ano passado, o Peru passou por uma quarentena nacional rígida de mais de 100 dias que praticamente paralisou a economia e mergulhou o país na recessão, onde 70% dos trabalhadores são informais.
Para reduzir o impacto económico, nesta ocasião o transporte público, a construção, a mineração, a banca e o comércio de bens essenciais como farmácias e mercados continuarão a operar nas regiões confinadas.
“Desta vez não queríamos paralisar todas as atividades, mas precisamos dar um descanso ao sistema de saúde”, disse Bermúdez.
As viagens terrestres e aéreas interprovinciais são proibidas durante essas duas semanas, embora os voos internacionais continuem, com exceção dos do Brasil e da Europa.
Golpe ao turismo
O novo confinamento constitui mais um golpe para o turismo peruano, muito próspero até um ano atrás. Os restaurantes, que funcionavam com capacidade para 50%, passaram a oferecer entrega ou recolha apenas nas instalações.
Várias arenas esportivas servirão como centros de detenção temporária para infratores de quarentena, que também correm o risco de multas entre US $ 24 e US $ 118. As forças armadas apoiam a polícia no patrulhamento.
No dia 9 de fevereiro, chegará ao país o primeiro lote de um milhão de vacinas contra o covid-19 da farmacêutica chinesa Sinopharm, que foi testado entre 6.000 voluntários peruanos.
Alguns políticos sugeriram o adiamento das eleições gerais de 11 de abril, mas o presidente interino Francisco Sagasti disse que elas serão realizadas dentro do prazo.
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