Duas juízas do Tribunal Supremo foram assassinadas neste domingo (17/1) por homens armados no centro de Cabul, em um novo ataque contra personalidades da sociedade civil.
"Infelizmente, perdemos duas juízas no ataque de hoje. Seu motorista está ferido", disse à AFP Ahmad Fahim Qaweem, porta-voz do tribunal.
Até agora, os assassinato não foi reivindicado, mas o presidente afegão, Ashraf Ghani, e o encarregado de negócios americano em Cabul, Ross Wilson, acusaram os talibãs.
Ambas as mulheres estavam a caminho do trabalho em seu carro quando foram atacadas por homens armados, destacou Qaweem.
Há mais de 200 juízas que trabalham na máxima instância judicial afegã, acrescentou.
O Tribunal Supremo já foi alvo de um ataque em fevereiro de 2017, um atentado suicida que deixou ao menos 20 mortos e 41 feridos.
Ghani atribuiu o assassinato aos talibãs, acusando-os de travar "uma guerra ilegítima".
"O governo reitera mais uma vez aos talibãs que a violência, o terror, a brutalidade e os crimes (...) só prolongarão a guerra", declarou em um comunicado.
Ross Wilson também condenou o crime.
Este ataque aconteceu poucas horas depois de uma reunião entre a delegação talibã e o enviado especial de Washington para este conflito, Zalmay Khalilzad, junto ao general Scott Miller, comandante das forças norte-americanas no país, tuitou o porta-voz insurgente Mohammad Naemm.
Naemm destacou que exigem ser retirados da lista negativa do Conselho de Segurança da ONU e reiterou a exigência de libertar os últimos prisioneiros talibãs.
Cabul foi obrigada a libertar 5.000 rebeldes, alguns perigosos, em meio a um acordo entre EUA e os talibãs em 2020.
A chefe da Comissão Independente de Direitos Humanos afegã, Shaharzad Akbar, classificou esses assassinatos seletivos de civis como "matança sistemática".
"O Afeganistão está perdendo uma de suas maiores conquistas, seus quadros profissionais e formados, no que parece um massacre sistemático, e o mundo parece se contentar em vê-lo. Tem que acabar", tuitou, lamentando-se.
O incidente deste domingo gerou um comunicado da embaixada da China em Cabul, que apresentou condolências às famílias das vítimas.
Nas últimas semanas, o Afeganistão sofreu uma série de assassinatos seletivos de personalidades, incluindo membros da imprensa, políticos e defensores dos direitos humanos. Muitos jornalistas e ativistas, preocupados com sua segurança, abandonaram o país.
Membros das forças de segurança também são alvo de ataques. No sábado, dois policiais morreram em Cabul ao explodir uma mina em uma estrada.
Os assassinatos seletivos não costumam ser reivindicados, mas as autoridades culpam os talibãs, apesar de o Estado Islâmico ter assumido alguns.
O exército americano culpou os talibãs pelos ataques seletivos da semana passada.
"A campanha dos talibãs de ataques e assassinatos não reivindicados de funcionários governamentais, líderes civis e jornalistas deve (...) acabar para que impere a paz", tuitou o coronel Sonnt Leggett, porta-voz militar dos EUA no Afeganistão.
Os talibãs frequentemente negam estar envolvidos.
Este atentado ocorreu dois dias depois de os Estados Unidos anunciarem uma redução de suas forças no Afeganistão para 2.500, o menor número após os ataques do 11 de setembro.
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