Donald Trump e Joe Biden viajam para a Geórgia, nesta segunda-feira (4/01), para apoiarem seus candidatos em uma eleição decisiva para o controle do Senado, um dia depois de uma gravação do ainda presidente ter caído como uma bomba em Washington.
Seu impacto na votação é, porém, incerto.
Passados dois meses da eleição presidencial, Trump continua sem reconhecer sua derrota para o democrata Biden, apesar de auditorias, recontagens e várias decisões judiciais apontarem o contrário.
Em uma ligação surpreendente, o presidente republicano pediu, no sábado (2/01), ao encarregado das eleições na Geórgia que "encontrasse" as cédulas necessárias para anular sua derrota neste Estado-chave.
Repetindo suas acusações de fraude, sem provas, Trump disse a Brad Raffensperger que a eleição havia-lhe sido roubada. Apesar das ameaças veladas, o responsável, um republicano, não cedeu.
"Achamos que nossos números são bons", respondeu Raffensperger ao presidente em final de mandato.
Em campanha na Geórgia, a vice-presidente eleita Kamala Harris considerou o episódio um "flagrante abuso de poder". Entre os republicanos, algumas vozes expressaram indignação.
Trump conta, porém, com amplo apoio dentro do partido.
A senadora republicana Kelly Loeffler, que disputa amanhã sua cadeira por este estado, não respondeu a uma pergunta sobre o escândalo lançado em meio a um comício de campanha.
E, embora a notícia ainda não tivesse se espalhado amplamente entre os participantes, vários eleitores de Trump argumentavam, como ele, que o republicano venceu as eleições.
Decisivo
Faixas eleitorais, ônibus de candidatos, persuasão de porta em porta e comícios: dois meses após a eleição presidencial, a Geórgia recupera seu clima de campanha nacional antes da disputa de duas cadeiras no Senado na terça-feira.
O ponto alto deve ser alcançado nesta segunda-feira, com a visita do presidente Trump e do democrata eleito. Uma estranha coincidência que ressalta a importância decisiva dessa eleição, que vai determinar o controle do poder em Washington nos próximos quatro anos.
Há 20 anos, a Geórgia não elege um democrata para o Senado, mas, se conseguirem a façanha, os democratas Raphael Warnock e Jon Ossoff inclinarão a Casa na direção de seu partido, entregando todos os fios do poder a Biden.
Se isso acontecer, o Senado ficaria com 50 cadeiras para cada força, motivo pelo qual a futura vice-presidente, Kamala Harris, teria o voto decisivo. Assim, Biden chegaria à Casa Branca com uma Câmara e um Senado democratas, o que lhe permitiria implementar seu programa.
"Trump 2020"
Para apoiar os republicanos, Trump fará, esta tarde, o que deve ser seu último grande comício antes de deixar a Casa Branca em 20 de janeiro. A expectativa é que o republicano seja recebido como um herói em Dalton, uma circunscrição rural e conservadora no noroeste da Geórgia.
Nos eventos, os cartazes "Trump 2020" continuam sendo numerosos. Estão mais presentes do que os dos senadores que o presidente vai apoiar: os ex-empresários Kelly Loeffler, 50, e David Perdue, 71.
O vice de Trump, Mike Pence, viajará para uma região rural do sul de Atlanta.
Biden estará, por sua vez, em Atlanta, capital da Geórgia. O presidente eleito fará campanha com Raphael Warnock, um pastor negro de 51 anos, e com Jon Ossoff, um produtor de 33 anos.
Muito apertado
"Tudo está em jogo" na eleição de terça-feira, "o futuro do nosso país", disse Kamala Harris durante um comício em Savannah, uma grande cidade colonial onde fez campanha ao lado dos dois candidatos democratas.
Para os republicanos, também é o futuro do país que está em jogo.
"Somos a barreira para evitar que o socialismo chegue à América", disse Kelly Loeffler a seus seguidores reunidos em Cartersville, uma pequena cidade na Geórgia.
As pesquisas mostram que os candidatos estão bem próximos: Jon Ossoff enfrentará David Perdue, enquanto Raphael Warnock disputa a vaga com Kelly Loeffler.
No papel, os republicanos partem como favoritos neste estado conservador. Os democratas contam, porém, com a vitória de Biden em 3 de novembro, a primeira de um democrata na Geórgia desde 1992.
Todos esses elementos contribuem para uma situação "realmente muito apertada para fazer uma previsão", comentou Trey Hood, professor da Universidade da Geórgia.
Saiba Mais
- Mundo Milhares de iraquianos protestam contra EUA um ano após morte de general do Irã
- Mundo Autoridades médicas dos EUA defendem campanha de vacinação contra covid-19
- Mundo Trump pressiona secretário da Geórgia a recalcular votos a seu favor, diz jornal
- Mundo Democrata Nancy Pelosi é reeleita presidente da Câmara dos Representantes
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.