COVID-19

Vacinação em massa começa nos EUA, que passam a marca de 300 mil mortos

O governo pretende vacinar 20 milhões de pessoas até o fim de dezembro, quase 3 milhões ainda nesta semana

No dia em que ultrapassaram a marca de 300 mil mortos por covid, os EUA iniciaram o maior programa de vacinação em massa de sua história. O governo pretende vacinar 20 milhões de pessoas até o fim de dezembro, quase 3 milhões ainda nesta semana. Os primeiros a receberem as doses são profissionais da saúde e moradores de casas de repouso.
"É um dia maravilhoso", disse o secretário de Saúde, Alex Azar, na porta do hospital da Universidade George Washington, onde as primeiras vacinas da capital americana foram aplicadas ontem. A esperança chegou em meio a uma nova onda de contágio.
Barbara Neiswander, enfermeira do hospital George Washington, foi a primeira na capital a receber o imunizante e reforçou a necessidade de passar confiança à população. "Encorajar as pessoas a tomar a vacina vai provocar um verdadeiro impacto", disse. Quatro em cada 10 americanos afirmam que não pretendem tomar a vacina, apesar de o número ter diminuído nos últimos meses.
"Essa pandemia abriu nossos olhos para as desigualdades, afetou muito mais as pessoas negras. Precisamos ganhar a confiança das pessoas negras e eu, como negra, estou aqui para dizer que é normal ficar nervoso com uma vacina, mas o imunizante é seguro", disse ao Estadão a obstetra do hospital, Sheetal Shet, terceira a receber a vacina. "Sempre me preocupei em não levar o vírus para casa, para a minha família. E os pacientes são também a minha família."
"Essa é a arma que encerrará a guerra", disse o governador de Nova York, Andrew Cuomo. "Espero que isso marque o começo do fim de uma época muito dolorosa de nossa história", afirmou Sandra Lindsay, enfermeira do centro médico Long Island Jewish, no Queens, em Nova York e a primeira a ser vacinada no país todo.
Nova York foi o epicentro da crise de saúde, no início da pandemia nos EUA, e também palco de cenas sombrias, com hospitais lotados, caminhões frigoríficos para transportar mortos pela covid, um hospital de campanha no meio do Central Park e um navio-hospital ancorado para atender doentes.
A agência que regula medicamentos e alimentos nos EUA, a FDA, deu aval para uso emergencial da vacina da Pfizer e da BioNTech na sexta-feira. No domingo, as primeiras doses começaram a ser transportadas da usina da Pfizer, em Michigan, para os 50 Estados americanos. A logística para manter as doses na temperatura exigida (- 70 °C) durante o transporte e armazenamento passou pelo seu primeiro teste. No total, 145 locais de aplicação receberam doses ontem. Outros 425 receberão hoje e mais 66, amanhã.
Mark Lennihan/AFP - A enfermeira Sandra Lindsay foi vacinada, diante das câmeras, no Long Island Jewish Hospital: "Eu me sinto esperançosa e aliviada"
Anne-Sophie THILL / AFPTV / CTV / CANADA HOUSE OF COMMONS / AFP - pessoa sendo vacinada
Ed Alves/CB/D.A Press - Politica. Governador de Sao Paulo Joao Doria no Senado Federal busca apaio da Vacina contra o covid desenvolvida em parceria do Instituto Butantan e a farmaceutica Sinovac Life Science.
John Cairns/AFP - As vacinas têm um adenovírus que carrega informações genéticas do Sars-CoV-2: sistema de defesa reage à presença de parte do invasor
JOEL SAGET / AFP - vacina da Moderna
Kirill KUDRYAVTSEV / AFP - vacina contra a covid-19
- Câmara Legislativa quer plano de vacinação no Distrito Federal contra coronavírus - CB Poder |
Nelson Almeida/AFP - Segundo Doria, 12 estados e 912 municípios formalizaram interesse em adquirir a vacina que está sendo produzida pelo instituto
Jacob King/POOL/AFP - Reino Unido inicia a vacinação contra o coronavírus
AFP / NELSON ALMEIDA - Vacina
JOEL SAGET / AFP - Vacina da Moderna
AFP PHOTO / UNIVERSITY OF OXFORD / John Cairns - Vacina
Os EUA pretendem vacinar 100 milhões de pessoas até o fim de fevereiro, quase um terço da população. Adultos que não fazem parte da linha de frente de combate ao vírus, não exercem funções essenciais durante a pandemia e não fazem parte do grupo de risco devem começar a ser vacinados entre março e abril. A projeção é que em junho a vida nos EUA se assemelhe ao ritmo pré-pandemia.
Para isso, os EUA, além de uma compra antecipada de 100 milhões de doses da Pfizer, garantiram contrato para obter 200 milhões de doses da farmacêutica Moderna - que ainda precisa ser aprovada pela FDA. A empresa concluiu a fase de testes clínicos e solicitou a liberação de uso. Os imunizantes da Moderna e da Pfizer exigem duas doses, o que faz com que os EUA precisem de ao menos 656 milhões de doses para vacinar toda a população, se dependerem apenas das duas empresas.
No Twitter, o presidente, Donald Trump, comemorou o início da vacinação. "Primeira vacina aplicada. Parabéns EUA! Parabéns mundo", escreveu. Durante a campanha eleitoral, Trump prometeu uma vacina antes do fim do ano, o que muitos especialistas viam com ceticismo.
Em maio, Trump anunciou a organização de uma força-tarefa de diferentes áreas do governo - a Operação Warp Speed - para acelerar e planejar a distribuição de vacinas, além de fazer contratos volumosos com as farmacêuticas para garantir os imunizantes. 

Saiba Mais