Mais de 1.400 funcionários do Google, junto a mais de 1.900 acadêmicos e membros da sociedade civil, exigiram na sexta-feira (4/12) que a gigante da tecnologia explicasse por que demitiu uma funcionária negra, pesquisadora de questões éticas relacionadas à inteligência artificial (IA).
Timnit Gebru tuitou na quarta-feira (3/12) que havia sido demitida depois que enviou um e-mail para um grupo interno da empresa lamentando o "silenciamento de vozes marginalizadas".
Também disse em seu e-mail que a empresa havia exigido que ela se retratasse de um trabalho investigativo.
Gebru é uma defensora da diversidade e co-fundadora de um grupo dedicado a impulsionar o talento de pessoas negras no campo da inteligência artificial.
Até terça-feira, era pesquisadora e co-presidente de uma equipe de ética em IA do Google.
Gebru tuitou o que disse ser a mensagem de demissão do Google, que indica que "aspectos do e-mail que enviou à noite para funcionários que não fazem parte da gerência refletem um comportamento que é inconsistente com as expectativas de um gerente do Google".
O artigo de pesquisa que Gebru foi convidada a retirar analisava o potencial de uma ferramenta de inteligência artificial usada pelo Google e outras empresas de tecnologia para imitar a escrita humana de discurso de ódio e linguagem distorcida, de acordo com um relatório da rádio pública americana NPR.
O diretor da inteligência artificial do Google, Jeff Dean, justificou o pedido de retratação da investigação em um e-mail que se tornou público e no qual explicava que o artigo não atendia aos níveis exigidos para publicação.
Pouco mais de 1.400 funcionários do Google estavam entre os quase 3.300 nomes em uma carta online pedindo à gigante da tecnologia para explicar a demissão de Gebru e por que ordenou que retirasse sua investigação.
A carta exige que o Google assuma um compromisso "inequívoco" com a integridade da pesquisa e da liberdade acadêmica.
"Em vez de ser aceita pelo Google como uma colaboradora excepcionalmente talentosa e prolífica, Gebru enfrentou atitude defensiva, racismo, censura na pesquisa e uma demissão retaliatória", diz a carta.
Sua demissão ocorre na mesma semana que uma agência federal pediu ao Google na quarta-feira para responder a alegações de vigilância contra seus funcionários ativistas.