Coronavírus

EUA tem recorde de hospitalizações por covid-19, à espera de vacina

Os Estados Unidos é considerado o país mais afetado pela pandemia, com mais de 273 mil dos quase 1,5 milhão de óbitos registrados no mundo

Os Estados Unidos alcançaram um novo e triste recorde, com mais de 100 mil pessoas hospitalizadas com covid-19, embora, ao mesmo tempo, o mundo experimente avanços no campo médico e espere que as campanhas de vacinação comecem semana que vem no Reino Unido e na Rússia.

É a primeira vez que se supera o teto de 100 mil internações nos Estados Unidos, o país mais afetado pela pandemia, com mais de 273 mil dos quase 1,5 milhão de óbitos registrados no mundo.

O país também registrou mais de 2.700 novas mortes por covid-19 na quarta-feira, um nível diário que não via desde abril, de acordo com a Universidade Johns Hopkins. Além disso, somam-se 195.121 novos casos de contágio nas últimas 24 horas.

A crise do coronavírus será, a partir desta quinta-feira (3/12), o centro de uma reunião especial da ONU, da qual líderes como o francês Emmanuel Macron, a alemã Angela Merkel, o britânico Boris Johnson e o indiano Narendra Modi participarão virtualmente.

Outros presidentes, como o americano Donald Trump, o chinês Xi Jinping, o russo Vladimir Putin e o brasileiro Jair Bolsonaro, decidiram não participar.

Do outro lado do Atlântico, o governo britânico se tornou, na quarta-feira (2), o primeiro no mundo a aprovar o uso em massa da vacina teuto-americana da Pfizer/BioNTech, que estará disponível na próxima semana no país europeu mais enlutado pela pandemia, com quase 60.000 mortes.

100 milhões de vacinas nos EUA

Poucas horas depois do anúncio britânico, Putin pediu que comecem, no final da próxima semana, vacinações em "larga escala" contra o coronavírus. Serão gratuitas para os russos.

Desenvolvida pelo centro de pesquisas Gamaleia de Moscou, a vacina Sputnik V está na terceira e última fase de testes clínicos, com 40 mil voluntários. Seus criadores afirmam que é 95% eficaz, como o da Pfizer/BioNTech.

Nos Estados Unidos, a agência reguladora do setor de alimentos e remédios (FDA, na sigla em inglês) já recebeu pedidos de autorização para as vacinas Pfizer/BioNTech e Moderna. Em caso de sinal verde, ambas poderão estar disponíveis em dezembro.

Com essas duas vacinas, o governo Trump prevê inocular 100 milhões de pessoas até o final de fevereiro.

Alguns profissionais da saúde, que têm prioridade para serem vacinados, têm dúvidas sobre as novas vacinas, alegando que não foram suficientemente testadas.

"Acho que vou me vacinar mais tarde, mas, por enquanto, desconfio", disse à AFP Yolanda Dodson, de 55 anos, enfermeira de um hospital no Bronx, Nova York.

"Os estudos realizados são promissores, mas os dados são insuficientes", descartou.

Embora se espere um salto nas infecções após a celebração do Dia de Ação de Graças na semana passada, as autoridades de saúde dos Estados Unidos recomendaram reduzir para dez dias a quarentena para pessoas que tiveram contato com um caso positivo de coronavírus.

Ontem, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) informou um aumento de 30% nos casos de covid-19 no continente americano em um mês, ao comparar os números de novembro com os de outubro.

A agência também pediu que se melhore o atendimento aos afrodescendentes, afetados "de forma desproporcional" pela pandemia e que representam um quinto da população total das Américas.

América Latina e Caribe continua a ser a região do mundo com mais falecimentos por covid-19, com mais de 452 mil óbitos registrados.

Na Argentina, a Pfizer apresentou na quarta-feira a documentação para que as autoridades sanitárias autorizem o uso de sua vacina contra a covid-19.

Enquanto isso, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou os critérios que exigirá para aprovar o uso emergencial de vacinas no país, o segundo com mais mortes no mundo (174.515).

Sem viagens entre regiões na Itália

O ritmo das infecções está começando a diminuir na Europa, onde vários países aliviam as restrições.

Na França, onde o ex-presidente Valéry Giscard d'Estaing (1974-1981) morreu ontem de covid-19 aos 94 anos, o primeiro-ministro Jean Castex apresentou a estratégia oficial sobre vacinas nesta quinta-feira.

Na véspera, o premiê francês já havia dito que foram encomendadas 100 milhões de doses.

Como símbolo do desconfinamento em curso na França, a Torre Eiffel será reaberta ao público em 16 de dezembro.

Já a Inglaterra saiu ontem de seu segundo confinamento para adotar, pelo menos até fevereiro, um sistema de alerta de três níveis, o qual impõe restrições locais.

País mais castigado da Europa pela pandemia, o Reino Unido superou, nesta quinta, as 60.000 mortes confirmadas por covid-19, conforme informação divulgada pelas autoridades sanitárias.

Nas últimas 24 horas, foram registradas mais 414 mortes, o que eleva para 60.113 o número de vítimas fatais 28 dias após terem testado positivo para coronavírus. O número de pessoas que têm a covid-19 como causa de seu falecimento no atestado de óbito é maior, porém: 69.752 em 20 de novembro, de acordo com o Ministério britânico da Saúde.

E, na República Tcheca, lojas, museus e restaurantes reabrem nesta quinta-feira.

Na Itália, porém, foi sancionado um decreto que restringe as viagens durante as festas de fim de ano. De 21 de dezembro a 6 de janeiro de 2021, será proibido ir de uma região para outra, salvo por motivos de saúde, ou trabalho.

País mais atingido no Oriente Médio, o Irã ultrapassou hoje a barreira de um milhão de casos confirmados.

A pandemia deixa quase 1,5 milhão de mortos e mais de 64,5 milhões de infectados em todo mundo, de acordo com balanço feito pela AFP com base em números oficiais.