ESTADOS UNIDOS

Trump resiste a sancionar plano de alívio e milhões de americanos perdem ajuda

Dois programas federais que compreendiam ajudas aos desempregados, aprovados em março como parte do plano inicial de ajuda diante da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, expiraram à meia-noite de sábado

Agência France-Presse
postado em 27/12/2020 20:23
 (crédito: JIM WATSON / AFP)
(crédito: JIM WATSON / AFP)

Milhões de americanos que lutam contra a pandemia perderam neste domingo (27) os benefícios ao desemprego, ficando ainda mais expostos à forte crise econômica, enquanto o presidente Donald Trump resiste em sancionar o amplo projeto de lei de ajuda aprovado pelo Congresso.

Sua resistência ameaça ainda provocar uma paralisação do governo, ou "shutdown", a partir da terça-feira, já que o pacote de apoio faz parte de uma legislação maior que inclui o financiamento do Estado federal. Para manter o governo funcionando, os parlamentares poderiam aprovar outra extensão temporária.

Dois programas federais que compreendiam ajudas aos desempregados, aprovados em março como parte do plano inicial de ajuda diante da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, expiraram à meia-noite de sábado, deixando de fora 12 milhões de americanos, segundo estimativa do grupo de reflexão progressista The Century Foundation.

O pacote de estímulo de US$ 900 bilhões, aprovado pelo Congresso na segunda-feira, após meses de duras negociações, estenderia esta ajuda, assim como outras que devem expirar nos próximos dias.

Mas no dia seguinte à sua aprovação, Trump acabou com as esperanças, após as longas negociações no Congresso, afirmando que esta legislação é uma "vergonha", em um vídeo publicado no Twitter, no qual anunciou que não a sancionaria.

O presidente em fim de mandato exigiu várias emendas e pressionou para que o valor dos cheques destinados aos contribuintes em maiores dificuldades econômicas aumentasse para mais do que o triplo do estipulado inicialmente. Também criticou que o plano incluísse gastos demais em programas que não tinham a ver com a pandemia.

Não disse, no entanto, porque esperou até que o texto já tivesse sido aprovado para tornar públicas suas opiniões.

De Mar-a-Lago, na Flórida, onde passa o recesso de Natal, Trump reiterou neste sábado suas críticas em mensagem postada no Twitter.

O presidente eleito, Joe Biden, que deve assumir o cargo em 20 de janeiro após vencer Trump nas eleições de novembro, advertiu no sábado para as "consequências devastadoras" que sofrerão milhões de cidadãos em dificuldades caso o mandatário não assine o robusto pacote.

"Caos e miséria"

Trump não fez comentários neste domingo, enquanto alguns republicanos pediam com urgência que mudasse de opinião, destacando que o plano de estímulo resultou de uma negociação complexa.

"Entendo que quer ser lembrado por ter pressionado por cheques maiores, mas o perigo é que seja lembrado pelo caos e pela miséria, e pelo comportamento errático se permitir que este expire", avaliou o senador republicano Pat Toomey neste domingo à Fox News.

Por enquanto, Trump não diz explicitamente se vetará ou não o projeto de lei.

Se o fizer, o Congresso poderia em tese anular seu veto, mas tampouco está claro se os republicanos decidiriam desafiá-lo a este ponto.

Outra opção seria que Trump simplesmente não fizesse nada, o que resultaria em um "veto de bolso", que consiste em que o mandatário retenha uma lei enquanto deixa correr os dias regulamentares que tem para sancioná-la.

Neste caso, o prazo coincide, ainda, com o fim da legislatura do Congresso atual, em 3 de janeiro.

Os democratas do Congresso tentaram aprovar na quinta-feira uma medida para aumentar o valor dos cheques de ajuda, atendendo aos pedidos de Trump, mas os republicanos bloquearam a iniciativa.

O movimento foi interpretado como um gesto teatral de Trump para expor as diferenças entre os republicanos e ele próprio, mas com poucas esperanças de que prospere.

Para o senador democrata Bernie Sanders, "o que o presidente está fazendo agora é incrivelmente cruel".

"Muitos milhões de pessoas estão perdendo seus benefícios, ampliados pelo desemprego", afirmou o legislador progressista à rede ABC.

"Serão expulsos de suas casas porque a moratória para os despejos está acabando".

Sanders pediu que Trump assine a lei e assegurou que um aumento do valor dos cheques poderia ser aprovado nos próximos dias.

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