Uma aliada de Alexei Navalny foi acusada nesta sexta-feira (25/12) por "ameaças" a um suposto agente dos serviços especiais da Rússia que o líder da oposição acusa de ter participado na tentativa de envenenamento que sofreu em agosto.
A investigação por "violação de domicílio e ameaças" e "ameaças" tem como alvo Lyubov Sobol, por ter visitado na segunda-feira o agente do FSB (Serviço Federal Russo) que Navalny afirma ter enganado por telefone para obter uma confissão da tentativa de assassinato, anunciou no Twitter Ivan Zhdanov, diretor do Fundo de Luta contra Contra a Corrupção, organização fundada pelo opositor.
Após ter sido interrogada inicialmente como testemunha, Sobol foi acusada destes crimes e presa preventivamente por 48 horas, informou Zhdanov na tarde desta sexta.
"Libov Sobom agora é oficialmente suspeita, segundo esta investigação. Sua condição mudou", acrescentou no Twitter.
Procurado pela AFP, o advogado de Sobol, Vladimir Voronin, confirmou as informações sem dar maiores detalhes.
A pena máxima para este crime é de dois anos de prisão.
A polícia russa prendeu Lyubov Sobol na manhã desta sexta-feira em sua residência de Moscou e ela foi levada para o Comitê de Investigação da Rússia, um órgão poderoso que é responsável pelas principais investigações criminais.
"Nunca haviam me revistado na minha casa. Bem, há uma primeira vez para tudo", disse Sobol em um vídeo gravado em seu apartamento no momento em que agentes batiam na porta.
Imagens de uma câmera de segurança do lado de fora do apartamento mostram homens de capacetes e encapuzados que neutralizam o aparelho com uma fita adesiva.
Alexei Navalny publicou na segunda-feira um vídeo de uma conversa telefônica com um suposto membro do FSB, Konstantin Kudriavtsev, na qual este último, pensando que falava com uma autoridade do setor de inteligência, explica que os serviços especiais russos envenenaram o opositor.
O governo denunciou a conversa como uma "falsificação", mas não desmentiu que o interlocutor do líder opositor era efetivamente um agente nem que ele era membro da equipe que monitorava Navalny.
A porta de um assassino
O presidente russo, Vladimir Putin, admitiu que Navalny estava sendo vigiado, após a divulgação de uma investigação da imprensa internacional que apontou oito agentes secretos, incluindo especialistas em armas químicas, que durante anos foram responsáveis por monitorar o opositor. Kudriavtsev estava entre eles.
Três laboratórios europeus concluíram que Navalny foi envenenado com uma substância neurotóxica do grupo Novichok, desenvolvida com objetivos militares na época soviética.
Advogada de formação e figura em ascensão da oposição russa Lyubov Sobol, 33 anos, uma colaboradora próxima de Navalny, revelou que foi ao edifício em que morava o suposto agente do FSB na segunda-feira.
Sobol também divulgou o endereço de Kudriavtsev na internet e muitos jornalistas compareceram ao local. A polícia foi mobilizada e a ativista acabou detida.
De acordo com seu advogado, a denúncia contra Sobol foi apresentada por Galina Subotina, a sogra de Kudriavsev.
Navalny afirma que foi envenenado em 20 de agosto por ordem do Kremlin.
A Rússia alega que não há provas de que o opositor foi vítima de um crime, apesar de Navalny ter passado mal em um avião na Sibéria, ter entrado em coma e dos resultados dos laboratórios europeus que estabeleceram que ele foi envenenado.
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