Diplomacia

Alemanha volta a permitir deportações de sírios 'suspeitos' em janeiro

Apesar das críticas, a decisão foi aprovada e anunciada nesta sexta-feira (11/12) pelo Ministério do Interior alemão. Cerca de 90 pessoas fichadas por ativismo islâmico podem ser afetadas por esta decisão

Agência France-Presse
postado em 11/12/2020 10:47
Georg Maier, presidente da conferência de ministros do interior federal, secretário de estado do ministério do interior alemão Hans-Georg Engelke, Mathis Feldhoff e o ministro do interior da Baixa Saxônia, Boris Pistorius, discursam em entrevista coletiva em Berlim em 11 de dezembro de 2020. -  (crédito: Britta Pedersen / POOL / AFP)
Georg Maier, presidente da conferência de ministros do interior federal, secretário de estado do ministério do interior alemão Hans-Georg Engelke, Mathis Feldhoff e o ministro do interior da Baixa Saxônia, Boris Pistorius, discursam em entrevista coletiva em Berlim em 11 de dezembro de 2020. - (crédito: Britta Pedersen / POOL / AFP)

A Alemanha voltará a autorizar, a partir de janeiro de 2021, a expulsão de sírios considerados "perigosos" em seu país de origem, apesar das críticas dos partidos de esquerda e das associações de apoio aos migrantes - anunciou o Ministério do Interior nesta sexta-feira (11/12).

"Qualquer pessoa que cometa delitos graves, ou que se guie por intenções terroristas com o objetivo de causar um dano grave ao nosso Estado e ao nosso povo deve abandonar nosso país", disse o secretário de Estado do Ministério do Interior, Hans-Georg Engelke, em uma entrevista coletiva.

"A proibição das deportações (para a Síria) expira no final deste ano", acrescentou.

"A Alemanha não deve constituir um refúgio para pessoas perigosas, ou para grandes criminosos", disse ele, especificando que cerca de 90 pessoas fichadas por ativismo islâmico podem ser afetadas por esta decisão.

Na prática, porém, as expulsões para esses países em guerra podem ser muito difíceis de serem executadas, já que a Alemanha não tem relações diplomáticas com a Síria. Além disso, o Ministério alemão das Relações Exteriores considerou que a situação no país ainda é muito instável.

Tomada a pedido de líderes regionais conservadores, membros da família política da chanceler Angela Merkel, essa decisão quebra um tabu no país. Desde 2015, a Alemanha abriu suas portas aos demandantes de asilo sírios que fugiram da guerra e da miséria.

Com esta decisão, a Alemanha se distingue de seus vizinhos europeus, algo de que "não devemos nos orgulhar", criticou o socialdemocrata Boris Pistorius, ministro do Interior do estado regional da Baixa Saxônia.

No total, nos últimos seis anos, a Alemanha acolheu cerca de 790 mil sírios, que hoje constituem a maior comunidade síria da Europa.

Em 2012, a Alemanha decretou uma moratória às expulsões para a Síria, em razão do sangrento conflito que deixou mais de 380 mil mortos em quase dez anos de duração e obrigou milhões de pessoas a fugirem de suas casas.

Em novembro passado, o ministro do Interior, Horst Seehofer (conservador), voltou a colocar a questão das expulsões sobre a mesa, depois que um sírio, próximo ao movimento islâmico, assassinou um turista com uma faca em Dresden.

Para a ONG de ajuda aos migrantes Pro-Asyl, a decisão constitui "uma vergonha para o Estado de Direito", é "extremamente irresponsável" e obedece à vontade dos dirigentes conservadores de captarem "eleitores populistas de direita".

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