Movimento 'San Isidro'

Em Cuba, artistas entrincheirados que desafiam o governo foram desalojados pela polícia

Organizações internacionais e figuras importantes do governo dos Estados Unidos e de outros países, expressaram preocupação com os ativistas do Movimento 'San Isidro'

Os artistas cubanos que estavam entrincheirados há 10 dias em uma casa do centro histórico de Havana foram desalojados pela polícia, denunciaram os ativistas nas redes sociais.

Os membros do Movimento 'San Isidro' foram desalojados à força "e não sabemos seu paradeiro. Tememos por sua integridade física", afirmou um ativista na conta do grupo no Twitter.

"Enquanto o regime de (o presidente Miguel) @DiazCanelB bloqueava todas as redes sociais em Cuba, seus agentes violentos invadiram o @Mov_sanisidro e levaram todas as pessoas que estavam em um ato de protesto contra a repressão", tuitou Erika Guevara-Rosas, diretora para a América Latina da Anistia Internacional.

"Exigimos sua libertação e respeito aos direitos humanos", completou.

No total, 14 pessoas estavam no local, seis delas em greve de fome há vários dias, para pedir a libertação de um integrante do grupo, o rapper Denis Solís, detido em 9 de novembro e condenado a oito meses de prisão por "desacato" à autoridade.

Os líderes do movimento são o artista Luis Manuel Otero (32 anos), preso por 12 dias em março por usar a bandeira cubana em uma performance degradante de acordo com as autoridades, e o rapper Maykel (Osorbo) Castillo (37), condenado em 2018 a um ano de prisão por "agressão à autoridade", ambos em greve de fome.

O escritor e jornalista cubano Carlos Manuel Álvarez, colaborador dos jornais norte-americanos The Washington Post e The New York Times, juntou-se ao protesto na terça-feira, quando chegou no país.

O blog governista 'Razones de Cuba' afirmou que Álvarez não respeitou o isolamento obrigatório para os viajantes que entram no país devido à covid-19 e cometeu o delito de "propagação de epidemia", o que "obrigou uma ação imediata das pessoas que estavam no local".

O site afirma que após a verificação do estado de saúde, eles "voltarão a suas residências caso não representem riscos".

Ativistas próximos ao grupo confirmaram à noite a libertação e retorno da maioria dos detidos.

Diversas organizações internacionais, assim como importantes figuras do governo dos Estados Unidos e de outros países, expressaram preocupação com os ativistas em greve de fome nos últimos dias.

A imprensa oficial cubana não reconhece o protesto, que chama de farsa, e acusa os ativistas de "mercenários" apoiados pelos Estados Unidos.