Após uma série de confusões nas ruas de Buenos Aires durante o velório do ícone do futebol Diego Armando Maradona, a despedida chegou ao fim. O caixão, segundo informou uma fonte governamental à Agence France-Presse, foi retirado depois que a esposa e filhas do craque lhe dessem o último adeus, para ser enterrado no cemitério Jardim da Paz, em Bella Vista, ao lado dos pais.
O acesso ao cemitério foi restrito a poucas pessoas pela família de Maradona. A entrada da imprensa foi proibida.
Além dos tumultos nas ruas envolvendo os fãs e a polícia, o incidente que aconteceu dentro da Casa Rosada, sede do governo argentino, nesta quarta-feira (26/11), obrigou a retirada prévia do corpo do astro do local. Os torcedores invadiram os pátios internos do palácio e a situação, por um momento, se mostrou fora de controle.
A transferência do caixão foi confirmada à AFP logo após as autoridades anunciarem a prorrogação por mais três horas do velório do ex-craque, por causa das longas filas que ultrapassaram 25 quarteirões.
Clima de tranquilidade na Casa Rosada
Até por volta das 16h desta tarde - no horário de Brasília - o clima dentro e fora do palácio do governo permanecia tranquilo.
A orientação passada anteriormente para a população é que a fila fosse respeitada. Além disso, não se devia parar em frente do caixão para que haja um fluxo contínuo de pessoas. Também é obrigatório o uso de máscaras como forma de prevenção ao novo coronavírus.
Ex-namorada impedida de entrar no velório
"Todos passam menos eu", denunciou nesta quinta-feira (26/11) Rocío Oliva, ex-namorada de Diego Maradona, ao afirmar que foi impedida de entrar no velório íntimo que reuniu a família do ídolo na Casa Rosada, antes da entrada do público.
Pouco antes do amanhecer, Oliva, companheira de Maradona por seis anos até 2018, chegou à sede do governo e, depois de conversar com a equipe de segurança, retirou-se.
"Me disseram para vir às 7h quando todos chegassem", reclamou, chorando diante da imprensa.
Os conflitos entre as ex-namoradas de Maradona e as desavenças entre seus filhos foram uma constante nos últimos anos, com desacordos geralmente revelados por redes sociais e canais de televisão.
"Me dói que não me deixem entrar, não me deixando entrar também magoam Diego. Sou a última mulher de Diego, ninguém entende, fui a única mulher que Diego queria ver. Toda a maldade que estão fazendo comigo será paga", disse a jovem de 30 anos.
“Hoje pra mim o futebol morreu”
Hugo Maradona mostrou a sua dor pela morte do irmão e pediu aos amantes do futebol que se lembrem dele "por tudo o que deixou em campo".
"Hoje para mim o futebol morreu, ele deixou tudo em campo e quero que eles se lembrem dele por tudo que ele deu em campo", disse emocionado em uma entrevista ao canal TyC Sport da Itália, onde reside.
"Estou muito triste, muito triste, isso é muito doloroso, é uma perda muito grande e tudo que eu quero é abraçar meu irmão. Ainda não consigo acreditar, acho que o que está acontecendo é uma piada", disse ele angustiado.
Advogado reclama da demora no socorro do craque
Um dia depois da morte de Diego Maradona, o advogado do astro, Matias Morla, usou as redes sociais para reclamar da demora no socorro por parte do serviço de saúde da Argentina ao craque no final da manhã de quarta (25/11). Em um comunicado oficial, ele disse também que é "inexplicável" que Maradona não tenha tido atenção durante 12 horas do pessoal destinado a cuidar dele.
"Quanto ao informe da perícia de San Isidro, é inexplicável que durante 12 horas meu amigo não tenha tido atenção nem controle por parte do pessoal de saúde deslocado a esse fim. A ambulância demorou mais de meia hora para chegar, o que foi um crime. Este fato não pode passar por alto e vou pedir que se investigue até as últimas consequências", escreveu Morla no Instagram.
A autópsia, realizada no início da noite de quarta-feira, concluiu que a causa da morte foi por insuficiência cardíaca, que gerou um edema agudo no pulmão e um mal súbito. "Insuficiência cardíaca aguda, em um paciente com uma miocardiopatia dilatada, insuficiência cardíaca congestiva crônica que gerou edema agudo de pulmão", disse o comunicado.
Mudança do nome do estádio do Napoli
O prefeito de Nápoles, Luigi de Magistris, anunciou uma grande homenagem ao ex-jogador. O político usou as redes sociais para informar que o estádio San Paolo, casa do Napoli, passará a ser chamado de Diego Armando Maradona, considerado o maior ídolo da história do clube italiano.
Maradona chegou ao Napoli em 1984, após uma passagem de dois anos no Barcelona, onde chegou como contratação mais cara da história. No time italiano, viveu o auge de sua carreira e logo se transformou em ídolo da torcida. Magistris relembrou os sete anos de passagem do jogador no clube e ressaltou que “[Diego] resgatou Nápoles com sua genialidade”.