Os anúncios sobre a alta eficácia de várias vacinas contra a covid-19 em testes despertam esperanças, enquanto países como França e Reino Unido se preparam para suspender as restrições e planejar a pós-pandemia, após uma redução dos contágios depois de semanas de confinamentos na Europa.
Em um discurso transmitido pela televisão, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que os estabelecimentos comerciais não essenciais poderão reabrir a partir de sábado e que o governo avalia suspender o 'lockdown' adotado há quase um mês a partir de 15 de dezembro.
"Poderemos voltar a nos deslocar sem precisar de uma autorização, inclusive entre regiões, e passar o Natal e família", disse Macron, que esclareceu que serão mantidas várias restrições para evitar uma terceira onda de contágios.
Bares e restaurantes permanecerão fechados até janeiro e, após o fim do confinamento, será imposto um toque de recolher noturno, em vigor entre as 21h e as 07h, com exceção das noites de 24 e 31 de dezembro.
Em Los Angeles (Califórnia), a segunda maior cidade dos Estados Unidos, as autoridades decidiram fechar a partir desta quarta-feira e por ao menos três semanas bares e restaurantes, que não poderão vender refeições para retirada.
A Califórnia registra atualmente números recordes de contágios. Na véspera do feriado de Ação de Graças, o secretário de Saúde, Mark Ghaly, fez um apelo aos californianos para que evitem grandes reuniões familiares.
"É importante dizer não, inclusive quando se trata das pessoas mais próximas de nossa família", disse Ghaly.
No Reino Unido, as autoridades também anunciaram que as restrições a encontros sociais e viagens poderiam ser flexibilizadas no Natal, com reuniões permitidas de até três famílias no período das festas de fim de ano.
A vacina russa
A esperança de acabar com a pandemia ganhou novo impulso nesta terça, depois que o centro de pesquisas Gamaleya, de Moscou, anunciou que sua vacina contra a covid-19, a Sputnik V, tem eficácia de 95%.
Tratam-se de resultados preliminares obtidos com voluntários 42 dias depois da injeção da primeira dose, segundo um comunicado conjunto deste instituto e de autoridades russas.
Eles não especificaram, no entanto, o número de casos nos quais se basearam para chegar aos 95%.
Várias vacinas contra o coronavírus têm sido testadas em ensaios clínicos ou se encontram agora nesta etapa de seu desenvolvimento.
A farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford anunciaram na segunda-feira que sua vacina têm eficácia média de 70% depois de testá-la em 23.000 pessoas.
Dias atrás, outras duas vacinas, um projeto conjunto da americana Pfizer e a alemã BioNTech e outra da americana Moderna anunciaram eficácia de mais de 90%.
Diferentemente destas três vacinas, com a russa há dúvidas sobre os testes clínicos feitos e alguns cientistas expressaram sua inquietação, advertindo que queimar etapas rápido demais pode ser perigoso.
As esperanças postas nas vacinas contra a covid-19 deram um respiro aos cidadãos cansados do coronavírus em todo o mundo e impulsionaram as bolsas mundiais.
Em Nova York, o principal índice, o Dow Jones, superou nesta terça pela primeira vez os 30.000 pontos.
À espera das vacinas
O mundo está mergulhado em uma pandemia sem precedentes, que afundou as economias e infectou 59,5 milhões de pessoas, das quais mais de 1,4 milhão morreram.
Em Bruxelas, a União Europeia anunciou que assinará nesta quarta-feira um contrato com o laboratório Moderna para assegurar 160 milhões de doses de sua vacina contra a covid-19.
Em seu discurso, Macron se mostrou otimista sobre a possibilidade de obter as primeiras vacinas no fim de dezembro ou no começo de janeiro.
O governo da Espanha, um dos países mais castigados pela pandemia, também anunciou que poderá começar a vacinação em janeiro e que funcionários de residências para idosos terão prioridade, assim como os trabalhadores de saúde.
No México, o governo disse que poderá receber em dezembro as primeiras doses da vacina da Pfizer e da BioNTech, se os processos para sua aprovação forem aprovados nos prazos previstos.
Mas, embora as vacinas saiam em breve, qualquer retorno à normalidade ainda parece distante.
A companhia aérea australiana Qantas anunciou que os viajantes internacionais terão que se vacinar contra a covid-19 para poder embarcar em suas aeronaves.
O diretor-executivo da Qantas, Alan Joyce, previu que esta norma provavelmente vá se generalizar em todo o mundo à medida que governos e companhias aéreas estudam a introdução de passaportes eletrônicos de vacinação.
Medo pelo Dia de Ação de Graças
Os Estados Unidos, de longe o país mais afetado do mundo pela pandemia, celebra o Dia de Ação de Graças na próxima quinta e muitos americanos planejam passar o feriado em família, apesar do risco de agravar os contágios.
Quase 259.260 pessoas morreram em todo o país e o número de casos superam os 12,5 milhões, segundo a Universidade Johns Hopkins.
Pela primeira vez, a agência de proteção de saúde pediu aos americanos que não viajem durante o feriado, quando as famílias costumam se reunir em volta da mesa para comer peru com batata doce e molho de mirtilo.
O fim de semana passado foi o mais ativo desde o início da pandemia, com mais de três milhões de pessoas nos aeroportos do país, segundo a administração de segurança nos transportes.
O governador do estado do Kentucky, Andy Beshear, fez um apelo por medidas mais rígidas.