O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, escolheu o experiente diplomata Antony Blinken como seu secretário de Estado, avançando na formação de um gabinete que inclui a primeira mulher diretora de Inteligência e um cargo especial voltado ao clima, uma reviravolta em relação ao governo de Donald Trump.
Apesar de o presidente em fim de mandato manter sua estratégia de questionar os resultados das eleições e não reconhecer a derrota, Biden marcou seu primeiro avanço antes da troca de comando em 20 de janeiro.
As primeiras indicações antes do anúncio oficial agendado para terça-feira têm como objetivo reunir uma equipe que visa a restaurar lideranças tradicionais dos Estados Unidos.
Em um sinal de renovação, Biden designou Alejandro Mayorkas como chefe do Departamento de Segurança Interna (DHS).
Mayorkas - que nasceu em Havana - será o primeiro latino a liderar esta cadeira que se encarrega, entre outros assuntos, da imigração.
"Não temos tempo a perder quando se trata de nossa segurança nacional e nossa política externa", disse Biden em um comunicado emitido em inglês e espanhol.
Biden destacou que os membros de seu gabinete são "experientes", que provaram suas qualidades "em situações de crise" e que serão dedicados à tarefa de "reconstruir" as instituições e renovar e reformular a "liderança americana".
Além disso, Biden escolheu o ex-chefe da diplomacia John Kerry como delegado especial para o clima, Linda Thomas-Greenfield como embaixadora na ONU, Avril Haines como diretora de Inteligência Nacional e Jake Sullivan como Assessor de Segurança Nacional.
Todas as nomeações apontam para uma equipe de veteranos que fizeram parte do governo Barack Obama 2009-2017, quando Biden era vice-presidente, com longa experiência em suas respectivas áreas.
Com essas indicações, o governo eleito indica um retorno ao multilateralismo depois da estratégia "EUA em primeiro lugar" de Donald Trump.
A escolha de Kerry em particular sugere um aceno à promessa de Biden de retornar ao Acordo de Paris para combater o aquecimento global. Kerry disse no Twitter que os Estados Unidos terão um governo que enfrentará a "crise climática com a urgência que essa ameaça à segurança nacional exige".
Apesar de Biden ter começado a se mexer com os anúncios de cargos-chave para seu governo, o atual presidente continua determinado a não reconhecer sua derrota e bloqueou o processo de transição, que geralmente inclui o acesso a documentos pela nova administração.
Biden vai tomar posse em menos de dois meses, mas até agora apenas uma minoria de republicanos denunciou as teorias da conspiração de Trump, que ele alega sem quaisquer evidências que os democratas roubaram a eleição.
Muitas das nomeações planejadas pelo governo democrata terão que passar ainda pelo Senado, onde até agora os republicanos têm uma maioria estreita. Vantagem que podem perder dependendo do resultado da eleição extraordinária para duas cadeiras da câmara alta na Geórgia, em 5 de janeiro.
- Opções diminuem -
Com a esperada certificação dos resultados em Michigan, as esperanças do presidente republicano esmaecem, principalmente porque sua equipe perdeu uma batalha judicial na Pensilvânia, que também se prepara para oficializar sua contagem.
Nesta segunda-feira, a Casa Branca anunciou mais uma vez que o presidente não tem eventos públicos em sua agenda, uma constante nas últimas duas semanas.
O presidente também tem evitado a imprensa, marcando um forte contraste com a estratégia de comunicação durante seu governo.
Embora os resultados mostrem que Biden teve uma maioria confortável, as táticas de Trump visam interromper os processos de certificação de diversos estados antes da votação formal do Colégio Eleitoral em 14 de dezembro.
Com o passar dos dias, rachas aparecem gradualmente entre os republicanos: o ex-governador de Nova Jersey, Chris Christie - que era um confidente próximo do presidente - se distanciou e chamou a equipe jurídica de Trump de "vergonha nacional".
O senador da Pensilvânia Patrick Toomey afirmou após a decisão dos tribunais do estado que Trump havia esgotado "todas as opções legais plausíveis".
O último peso-pesado a se descolar e pressionar Trump a aceitar os resultados foi Stephen Schwarzman, um banqueiro que dirige o fundo privado Blackstone e que era muito próximo do presidente. "O país deveria virar a página", disse ele ao portal Axios na segunda-feira.