EUA

'Trump é totalmente irresponsável', diz Biden

Líder eleito democrata critica resistência do presidente republicano em aceitar a derrota nas eleições e teme que a postura prejudique a imagem da democracia do país

Ultrajante e irresponsável. Assim Joe Biden, presidente eleitos dos Estados Unidos, classifica a resistência de Donald Trump em aceitar a derrota nas urnas. Ontem, após participar de uma teleconferência com governadores de Estados, o democrata disse não estar preocupado com a recusa do magnata e com as medidas que têm dificultado o processo de transição. Porém, o próximo ocupante da Casa Branca teme a mensagem que o republicano tem passado a outros países.
“Acho que (os americanos) estão testemunhando uma irresponsabilidade incrível, mensagens incrivelmente prejudiciais sendo enviadas ao resto do mundo sobre como a democracia funciona”, disse Biden. “Não sei seus motivos, mas acho que ele é totalmente irresponsável (…) É difícil entender como esse homem raciocina. Tenho certeza de que ele sabe que não venceu, que não vai poder vencer e que vou tomar posse no dia 20 de janeiro”, acrescentou. “É realmente ultrajante o que ele está fazendo.”
Na ofensiva para reverter a derrota, o advogado pessoal de Trump e porta-voz dessa cruzada, Rudy Giulian, levantou ontem a possibilidade de interferência externa nas eleições. Ele acusou “líderes democratas” de terem se aliado ao governo venezuelano, com a cumplicidade de Biden, para fraudar o pleito. “Vamos nos tornar uma Venezuela. Não podemos permitir que isso aconteça. Não podemos permitir que esses criminosos, porque é isso que eles são, roubem a eleição do povo americano”, disse. Enquanto Giuliani discursava, Trump tuitava: “Um caso aberto e encerrado de fraude eleitoral. Em números massivos”.

Pandemia

Biden, que tem se dedicado às medidas prioritárias do novo governo, antecipou como está planejando o enfrentamento à pandemia. Não há previsão de imposição de um bloqueio nacional, ainda que os Estados Unidos enfrentem um aumento expressivo dos casos. “Não vejo nenhuma circunstância que exija uma paralisação nacional total. Acho que seria contraproducente (…) Não vou parar a economia, ponto final. Vou parar o vírus”, disse o democrata.
Apesar de não haver medidas nacionais de confinamento em vigor, conforme as infecções disparam, estados e cidades têm imposto limitações de deslocamento, desde fechamento de escolas até a limitação do tamanho de reuniões. Ontem, a Califórnia impôs toque de recolher em grande parte de seu território. A obrigatoriedade de permanência em casa vigorará das 22h às 5h, a partir da noite de sábado, com término previsto para 21 de dezembro.