A bacia do Mediterrâneo está esquentando mais rápido do que a média mundial e sua exposição a esse fenômeno, somada à sua fragilidade pré-existente, "põe em perigo a saúde e a subsistência" de suas populações - afirma um relatório apresentado nesta quarta-feira (18/11).
O "Relatório sobre o estado do meio ambiente e desenvolvimento no Mediterrâneo", apresentado pela Plan Bleu, uma organização que trabalha no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e do Plano de Ação para o Mediterrâneo (PAM, que agrupa 21 países ribeirinhos e a UE) adverte contra a exploração de recursos e organismos, a poluição e as mudanças climáticas, que podem comprometer o futuro da região.
Assim, 15% das mortes na bacia do Mediterrâneo já são atribuíveis a causas ambientais evitáveis, de acordo com os dados deste relatório, que aponta que a zona está aquecendo "20% mais rápido que a média mundial". Isso se aplica tanto à temperatura ambiente quanto à da água.
Este aquecimento causará menos precipitações (-30% em 2080, segundo projeções); prolongará as temporadas de incêndios; levará à proliferação de espécies invasoras, ameaçando a biodiversidade e a pesca; e fará o nível do mar subir, entre 0,5 e 2,5 metros no final do século.
Um terço dos quase 510 milhões de habitantes dos países mediterrâneos pode ser afetado pela elevação das águas. Além disso, "a grande maioria dos locais de patrimônio cultural é costeira e está em baixa altitude", de acordo com o diretor do Plan Bleu, François Guerquin.
"Apesar dos esforços, os países mediterrâneos não estão no caminho certo. As trajetórias atuais devem ser alteradas", disse o coordenador do PAM, Gaetano Leone.
O relatório defende uma transição com políticas sustentáveis e uma "mudança profunda no comportamento em todos os níveis".