PERU

Merino nomeia político veterano como premiê

No segundo dia de governo, o novo presidente do Peru, Manuel Merino, nomeou, ontem, Antero Flores Aráoz como premiê. Veterano político conservador, Flores Aráoz foi ministro da Defesa do então presidente Alan Garcia (2006-2011), e, em 2009, integrou um gabinete que renunciou após a morte de 34 indígenas e policiais durante a repressão a um protesto. “Aceitamos o desafio de assumir a Presidência do Conselho de Ministros. Apelo à unidade nacional. Vamos cumprir o calendário eleitoral, reativar a economia e dar tranquilidade aos cidadãos face à pandemia”, ressaltou, em sua conta do Twitter.
O primeiro-ministro indicou que o momento atual exige a prática da ‘realpolitik” e a busca de um equilíbrio entre as pressões populistas do Congresso e o momento pelo qual o país atravessa. Advogado, 78 anos, Flores Aráoz, é um político social-cristão identificado com a ala dura do conservadorismo peruano.
Para o analista político Fernando Rospigliosi, sua nomeação dará governança e confiança ao presidente Manuel Merino, que assumiu o comando do país na terça-feira, horas após o Congresso destituir Martín Vizcarra do cargo por incapacidade moral.“Exclui a imposição do populismo das bancadas”, declarou à agência de notícias France-Presse (AFP).
O gabinete ministerial será empossado hoje. Aos 59 anos, Merino, que até anteontem chefiava o Legislativo, é o terceiro presidente do atual mandato, iniciado com a eleição de Pedro Pablo Kuczynski, há quatro anos. Sobre pressão, PPK renunciou, em março de 2108. Vizcarra, o vice, ficou em seu lugar até ser deposto, na noite de segunda-feira, sob acusação de corrupção. Ele nega.
O novo premiê foi candidato à Presidência em 2016 pelo partido Orden, em uma eleição em que foi o último entre 10 candidatos com 0,43% dos votos. Entre 2007 e 2009 colaborou com o governo de Alan García (2006-2011). Primeiro, como Embaixador do Peru junto à OEA, e, posteriormente, como ministro da Defesa. Entre 1990 e 2006 foi deputado e presidiu ao Congresso em 2004.
Ao longo da carreira política, conquistou a reputação de ser duro por questionar os julgamentos dos militares por violações dos direitos humanos durante a guerra do Sendero Luminoso contra o terrorismo (1980-2000). Como ministro da Defesa, Flores Aráoz rejeitou uma doação do governo da chanceler alemã Angela Merkel para construir um museu de memória sobre os anos de terror que o Peru viveu.