A Pensilvânia e a Flórida, apesar de serem estados muito distintos entre si, têm uma coisa em comum: são os maiores campos da batalha nos estados pêndulos das eleições norte-americanas deste ano, com 20 e 29 delegados, respectivamente.
O estado da Flórida é crucial para que aconteça a reeleição do presidente republicano Donald Trump. Com 96% das urnas apuradas, Trump segue na frente com 51,2% dos votos, contra 47,8% do adversário Joe Biden. A campanha do republicano, no entanto, já declarou vitória no que parece ser a disputa mais acirrada em um dos estados-chave desta eleição. O que faz com que Trump volte ao páreo da disputa.
Resta, então, a Pensilvânia. O candidato que levar a melhor na região será o próximo presidente dos Estados Unidos. O estado, em 2016, também foi decisivo para eleger Donald Trump, em vez da adversária Hillary Clinton. Na ocasião, foi rompida décadas de vitórias do Partido Democrata no estado, o que Biden tenta reaver nesta eleição.
Contudo, por causa do recorde de votos antecipados, presencialmente e pelos correios, é esperado que não seja possível definir o candidato vitorioso do estado ainda na madrugada desta quarta-feira (4/11). Isso porque autoridades da Filadélfia, principal cidade do estado, disseram que não divulgarão mais resultados da votação antecipada nesta noite. Dos cerca de 350 mil votos recebidos pelos correios na cidade, apenas 76 mil foram computados, o que ainda abre margem para uma reviravolta no estado. Além do que, o prazo final para certificação dos votos na região é entre 11 e 30 de novembro.
O estado
Formada por grandes subúrbios, a Pensilvânia demonstrou descontentamento com o governo do democrata Barack Obama. Neste ano, contudo, Biden tenta reverter a situação utilizando dos problemas de gestão de Donald Trump diante da atual crise gerada pela pandemia causada pelo novo coronavírus.
As pesquisas indicam que o democrata apresenta uma leve vantagem na região, mas dado o que ocorreu há quatro anos, não há como cravar uma projeção.
Veja os partidos que venceram na região nas últimas cinco eleições:
- 2000 – Democratas
- 2004 – Democratas
- 2008 – Democratas
- 2012 – Democratas
- 2016 – Republicanos
Votos por correspondência
Assim como em diversos estados, o voto por correspondência é aceito na Pensilvânia. Porém, na região, o recebimento dos votos foi prorrogado até 6 de novembro por ordem judicial, após o Serviço Postal dos Estados Unidos alertar para o "risco considerável" de os eleitores não terem tempo suficiente para preencher e enviar os votos respeitando as leis estaduais atuais.
Diante disso, os votos no estado via correspondência poderão ser contabilizados até três dias depois da data oficial das eleições, 3 de novembro. O caso chegou à mais alta corte da Justiça norte-americana após o Partido Republicano tentar bloquear a decisão tomada pelo governado democrata da Pensilvânia como uma medida para garantir a contagem de uma grande quantidade de votos via correspondência esperada por causa da emergência sanitária causada pelo vírus.
Outros dois estados-chave
Autoridades eleitorais de outros dois estados-chave também comunicaram que não irão encerrar as apurações esta noite: Wisconsin e Michigan.
Até a última atualização desta reportagem, e com 71% das urnas apuradas, Donald Trump liderada em Wisconsin com 51,5% dos votos e Biden, 46,8%.
No estado de Michigan, o republicano segue na frente, após 55% de análise dos votos, com 53.9%, contra 44.3% do democrata. Contudo, nas duas regiões os votos pelo correio podem mudar consideravelmente o resultado da corrida rumo à Casa Branca.
Veja os partidos que venceram em Wisconsin nas últimas cinco eleições:
- 2000 – Democratas
- 2004 – Democratas
- 2008 – Democratas
- 2012 – Democratas
- 2016 – Republicanos
Veja os partidos que venceram em Michigan nas últimas cinco eleições:
- 2000 – Democratas
- 2004 – Democratas
- 2008 – Democratas
- 2012 – Democratas
- 2016 – Republicanos
Colégio Eleitoral e delegados
Nos Estados Unidos, não basta vencer nas urnas, é preciso ganhar no Colégio Eleitoral, obtendo a maioria dos 538 votos dos delegados.
Cada região tem uma quantidade diferente de delegados, proporcional à população local. A Califórnia, por exemplo, detém 55 delegados para seus 39,5 milhões de habitantes — 12% da população dos EUA. Portanto, o candidato com mais votos populares no estado conquista 55 delegados para o páreo, de acordo com o sistema do "winner-take-all" (ou, o vencedor leva tudo) — em que o candidato que sobressaiu naquele estado fica com todos os delegados, não importa qual seja a margem de votos entre os competidores. As exceções são Nebraska e Maine — com quatro e cinco delegados, respectivamente —, que dividem os votos de maneira mais proporcional.
Por causa desse complexo sistema, alguns estados são "mais importantes" que outros durante a corrida à Casa Branca, transformando-se no foco das campanhas dos candidatos. São os chamados "battleground states" — estados campos de batalha.
Para ser declarado vencedor, o candidato tem que recolher pelo menos 270 votos dos delegados. Em 2020, 12 estados estão no centro das atenções dos democratas e republicanos, e prometem ser decisivos. São eles: Texas (38 delegados), Flórida (29), Pensilvânia (20), Ohio (18), Michigan (16), Geórgia (16), Carolina do Norte (15), Arizona (11), Wisconsin (10), Minnesota (10), Iowa (6) e Nevada (6).
Cada um desses estados, que estão no meio dessa "guerra" por votos, tem suas peculiaridades. Em alguns casos é por causa do alto número de delegados; em outros, por serem estados que alternam entre elegerem republicanos ou democratas a cada eleição — os “swing states” ou “estados-pêndulo”; ou ainda pelas características demográficas e econômicas, que podem definir as eleições em determinados cenários de acordo com nichos.