Pandemia

EUA: o impacto do coronavírus na campanha eleitoral

Em ano marcado por dificuldades provocadas pela covid-19, série de eventos públicos ligados à crise sanitária podem ter mudado os rumos das eleições nos Estados Unidos

A pandemia mudou e dominou a campanha eleitoral dos Estados Unidos desde março.

A seguir uma série de impactos do coronavírus na disputa pela Casa Branca:

Março: Biden confinado em casa

Durante dois meses, o candidato democrata, Joe Biden, permanece confinado em sua casa em Delaware devido à pandemia e perde um de seus principais atributos: uma conexão pessoal com os eleitores.

O presidente republicano, Donald Trump, candidato à reeleição, ironiza o rival, que chama de "Joe Dorminhoco" e o acusa de ficar "escondido" no porão.

Biden responde que adota as precauções necessárias. A postura de Trump de minimizar a covid-19 será duramente criticada alguns meses depois e prejudicará sua campanha.

Junho: comício em local fechado de Trump

Com o objetivo de estimular sua campanha, Trump organiza um grande comício em Tulsa, Oklahoma, em 20 de junho.

Este foi o primeiro evento de campanha em local fechado desde o início da pandemia, algo amplamente criticado.

A detecção de seis casos positivos na equipe que organizava o evento na manhã do comício não modificou os planos.

Os participantes tiveram a temperatura medida e receberam máscaras, mas a maioria acompanhou o discurso com o rosto descoberto.

Semanas depois do comício, os contágios aumentam em Tulsa e as autoridades de saúde afirmam que "é mais que provável" que os grandes eventos tenham contribuído para a propagação.

Agosto: convenções virtuais

Em 20 de agosto, a Convenção Democrata de Milwaukee, Wisconsin, é reduzida para um evento de duas horas que inclui Zoom, videoclipes e discursos pré-gravados, sem os gritos e aplausos de milhares de participantes como em períodos normais.

Em 25 de agosto, com o desejo de ofuscar o oponente, Trump comparece à inauguração da Convenção Republicana de Charlotte, Carolina do Norte.

Mas depois de resistir por muito tempo a qualquer mudança nas convenções como grandes ocasiões festivas, Trump termina por aceitar um formado em grande parte virtual, com a exceção de sua aparição no dia da abertura.

Setembro: 200.000 mortos

Em 22 de setembro, o país supera a marca de 200.000 mortes provocadas pelo coronavírus.

"Devido às mentiras e incompetência de Donald Trump nos últimos seis meses, observamos uma das maiores perdas de vidas americanas da história", acusou Biden.

Trump insiste que os Estados Unidos estão virando a página da pandemia e aposta que uma vacina será aprovada rapidamente.

Outubro: Trump infectado

No dia 1 de outubro, Trump anuncia que testou positivo para o coronavírus e paralisa uma campanha na qual já havia percorrido o país e reunido com milhares de simpatizantes, geralmente sem máscara.

Durante os nove dias de tratamento, quatro deles no hospital, Biden tem a chance de ganhar espaço e aproveita para visitar estados chaves.

A primeira-dama, Melania Trump, e Barron, filho do casal, também testam positivo.

Kamala Harris, candidata a vice de Biden, suspende brevemente sua campanha depois que um integrante de sua equipe testa positivo para o vírus.

Em 10 de outubro, Trump se declara imune à covid-19, apesar da falta de certeza científica sobre o tema.

Muitas pessoas vinculadas à Casa Branca, incluindo a porta-voz Kayleigh McEnany, contraem o coronavírus.

Debate cancelado

Após a doença de Trump, o segundo debate entre os candidatos, previsto para 15 de outubro, é cancelado depois que o presidente se nega a participar de um formato virtual.

O terceiro e último duelo verbal da campanha acontece, como planejado, em 22 de outubro.

Pacote de ajuda econômica

A pandemia provocou estragos em uma economia que avançava, tirando de Trump seu maior trunfo.

Em nove meses, Estados Unidos passam do pleno emprego para uma taxa de desemprego de 7,9% em setembro, com um pico de 14,7% em abril.

Com a aproximação das eleições, o Congresso não consegue alcançar um acordo para um quarto pacote de alívio tanto para as empresas como para os cidadãos.

Os indicadores mostram uma taxa de crescimento anual de 33,1% no terceiro trimestre, mas o dado expressivo reflete uma recuperação a partir de um nível tão baixo no trimestre anterior que os economistas advertem que os fatores subjacentes não permitem prever um cenário melhor.