O julgamento por corrupção contra o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy será retomado na segunda-feira (30/11), depois que o tribunal penal de Paris rejeitou nesta quinta-feira (26/11) um pedido de um de seus co-acusados para adiar por motivos de saúde.
O tribunal recusou a solicitação apresentada por um dos acusados junto a Sarkozy, o juiz aposentado Gilbert Azibert, de 73 anos, que pediu um adiamento do julgamento para não se expor à covid-19.
Com base em um exame médico que solicitou, o tribunal concluiu que Azibert estava em condições de comparecer e ordenou que se apresente pessoalmente na segunda-feira às 13h30 (09h30 de Brasília), antes de suspender a audiência até essa data.
Este julgamento, que deve durar três semanas, é inédito já que Nicolas Sarkozy é o primeiro ex-presidente da França a sentar na cadeira dos acusados.
Antes dele, apenas um ex-presidente francês, Jacques Chirac, seu antecessor e mentor político, foi julgado e condenado por desvio de verba pública quando era prefeito de Paris mas, devido a problemas de saúde, nunca compareceu ao tribunal.
Este processo, conhecido na França como o caso "dos grampos" tem sua origem em outro caso que ameaça Sarkozy, o das suspeitas de que recebeu financiamento do governo líbio de Muamar Gadafi durante a campanha presidencial de 2007 que o levou ao Eliseu.
Os juízes decidiram grampear o telefone do ex-presidente e foi assim que descobriram que tinha uma linha secreta em que usava o pseudônimo "Paul Bismuth".
Segundo os investigadores, algumas conversas que mantinha nesta linha revelaram a existência de um pacto de corrupção. Através de seu advogado Thierry Herzog, Sarkozy teria tentado obter informação secreta de outro juiz através do juiz Azibert.
Azibert teria tentado também influenciar seus colegas a favor de Sarkozy. Em troca, Sarkozy teria prometido ao magistrado ajudá-lo a obter um cargo muito cobiçado no Conselho de Estado de Mônaco.
Sarkozy, presidente de 2007 a 2012, nega as acusações e prometeu que se mostrará "combativo" neste julgamento.
Caso seja declarado culpado, Sarkozy, que saiu da política após sua derrota na disputa pelo Eliseu em 2016, poderia ser condenado a uma pena de até 10 anos de prisão e uma multa máxima de um milhão de euros (1,2 milhão de dólares).
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