Também um "cidadão brasiliense"

Marcos Paulo Lima
postado em 08/11/2020 06:00

Joe Biden é praticamente “cidadão brasileiro e brasiliense”. Esteve três vezes no país. Em todas as viagens, passou pela capital no papel de vice de Barack Obama para encontros com a então chefe de Estado, Dilma Rousseff. O primeiro, no Palácio do Planalto, três dias depois de visitar o Rio de Janeiro. O segundo, durante a Copa do Mundo de 2014. Seis meses depois, apareceu no Palácio do Itamaraty na posse do segundo mandato da petista.

Na passagem pelo Rio, Biden elevou o patamar do país: “Vocês não podem mais dizer que são uma nação em desenvolvimento. Vocês se desenvolveram. E posso dizer pela minha experiência que, com isso, vem a responsabilidade de falar em todo o mundo, de se posicionar”, cobrou, no Pier Mauá, às margens da Baía de Guanabara. Da Cidade Maravilhosa, veio a Brasília convidar Dilma, pessoalmente, para uma visita à Casa Branca.

“Agora, compreendo porque o presidente Obama acha que a presidenta Dilma é uma parceira tão boa. Raramente se faz uma visita de Estado aos Estados Unidos”, elogiou, enquanto a esposa e as netas conheciam o Lago Paranoá e aproveitavam a piscina do hotel em que ficaram hospedados no DF.

Frequente nas Copas do Mundo, o democrata foi a Natal, em 2014, prestigiar a estreia dos EUA contra Gana. Chegou atrasado à Arena das Dunas. Perdeu o gol relâmpago marcado por Dempsey, aos 28 segundos. De lá, embarcou rumo a Brasília para conversar com Dilma sobre espionagem. Na época, vazou a notícia de que agências de inteligência norte-americanas monitoraram cidadãos e autoridades brasileiras, entre elas, a presidente.

Era a primeira vez que um representante do governo norte-americano vinha ao Brasil desde que documentos sigilosos vazados pelo ex-prestador de serviços da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), Edward Snowden, revelaram a espionagem dos EUA a alguns países e seus líderes, incluindo Dilma. “Disse a ela que o presidente Obama, quando ficou sabendo das revelações, resolveu fazer um exame completo e nós mudamos nossos procedimentos. Estamos dando novo enfoque a essas questões”, relatou, sustentando discurso em defesa de uma internet segura.

Seis meses depois, Joe Biden bateu o ponto, em Brasília, para participar da cerimônia de posse da presidente reeleita. À época, ela havia derrotado Aécio Neves nas eleições e recebeu o vice norte-americano no Palácio do Itamaraty. No encontro, Dilma e Joe Biden conversaram sobre a situação em Cuba. O democrata pediu ajuda à presidenta no relacionamento com Havana. EUA e Cuba haviam acabado de retomar relações diplomáticas.


“Não quero voltar para casa. Queria ficar mais tempo aqui e aproveitar a hospitalidade”

Joe Biden, na passagem por Brasília, em 2013

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