O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na madrugada desta quarta-feira (4) que venceu as eleições, apesar do prosseguimento da apuração em vários estados cruciais.
Em eleições marcadas pela polarização, pandemia e por uma histórica crise econômica, o presidente republicano já se proclamou ganhador e denunciou uma fraude, sem apresentar provas.
Quando tudo apontava para uma vitória de Biden no Arizona, o que seria um primeiro golpe para o presidente, ele anunciou que recorreria à Suprema Corte, para pedir a suspensão da contagem de votos enviados pelo correio.
"Francamente, nós vencemos esta eleição", declarou aos simpatizantes na Casa Branca.
"Queremos que todas as votações parem", completou.
A campanha do candidato democrata Joe Biden reagiu às declarações do presidente Donald Trump, considerando-as "ultrajantes e sem precedentes".
"A declaração desta noite do presidente sobre tentar deter a contagem dos votos devidamente emitidos é ultrajante, sem precedentes e é incorreta", declarou em um comunicado a diretora de campanha de Biden, Jen O'Malley Dillon.
Ela advertiu que a equipe legal do candidato está "pronta para agir", se Trump tentar interromper a apuração dos votos.
As seções eleitorais já fecharam, mas continuarão contabilizando os votos enviados por correio até o dia 3, conforme permitido por lei e como já ocorreu inúmeras vezes nas eleições passadas.
Trump acusou Biden de tentar "roubar" a votação, em um tuíte que imediatamente foi marcado como "enganoso" pelo Twitter.
Antes, de seu reduto de Wilmington, Delaware, Biden declarou estar "a caminho" da vitória e pediu paciência à população.
"Mantenham a fé, ganharemos!", prometeu o ex-vice-presidente de Barack Obama diante de simpatizantes reunidos em seus automóveis. "Isso não acaba até que cada voto seja contado", frisou.
- 238 a 213 -
Segundo as projeções dos principais veículos de comunicação admericanos, Trump levou Flórida e Iowa, onde ganhou em 2016; Ohio, desde 1964 conquistado por todos os candidatos que chegaram à Casa Branca; e com Texas, um reduto republicano desde 1976.
Como aconteceu há quatro anos com Hillary Clinton, Biden pode ganhar o voto popular e perder a Casa Branca, se não conseguir o mínimo de 270 do total de 538 votos que integram o Colégio Eleitoral.
Até agora, Biden acumula 238 votos de grandes eleitores, com Arizona, frente aos 213 de Trump.
Tudo indica que o resultado dependerá dos estados do Meio-Oeste.
"Os Estados-chave como Wisconsin, Pensilvânia e Michigan têm votos que não serão contados até esta manhã (quarta). E também há atrasos na Geórgia", tuitou o site especializado FiveThirtyEight.
Com um recorde de mais de 100 milhões de americanos que votaram de maneira antecipada, os resultados finais definitivos podem levar muitas horas ainda, ou mesmo dias.
- Confiantes -
Em meio a uma pandemia que custou a vida de mais de 231.000 americanos, os democratas sonhavam com tingir de azul o mapa vermelho surgido em 2016.
Como se esperava, os dois candidatos se garantiram nos estados com os quais já contavam: Alabama, Arkansas, Indiana, Kentucky e Tennessee, entre outros, foram para Trump, enquanto Biden ficou com Arizona, Illinois, Virgínia, Nova York, Maine, Colorado, Delaware e Washington.
Trump, de 74 anos e primeiro presidente que busca a reeleição após ser absolvido em um processo de impeachment, está confiante em que derrotará Biden, de 77, em sua terceira candidatura à Presidência.
Biden não quis antecipar nada, mas destacou a "participação esmagadora de afro-americanos, em particular de jovens e mulheres", como algo promissor.
- Pandemia vs economia -
Além da Presidência e da Vice-Presidência, também estavam em disputa as 435 cadeiras da Câmara de Representantes, onde os democratas conservaram sua maioria.
Também está na disputa um terço das vagas do Senado, onde os republicanos correm o risco de perder sua vantagem de 53-47.
Por enquanto celebram a vitória do senador aliado de Trump Mitch McConnell, líder da maioria republicana reeleito no Kentucky, segundo projeções.
Roberto Montesinos, um americano de origem hondurenha de 71 anos, votou orgulhoso em Trump, em Miami. "Nos quatro anos que ele esteve no poder, eu estou melhor", afirmou.
"A pandemia não é culpa de Trump. Quem diz isso é um ignorante", comentou.
"Não sei como alguém pode querer Trump. Quero que ele seja preso", disse na Califórnia o mexicano Alex Tovar, de 58, que mora há 40 anos nos Estados Unidos.
Tovar é de East LA, uma localidade de Los Angeles onde mais de 95% da população é latina.
Segundo uma pesquisa da consultoria Latino Decisions, Biden venceu Trump entre os eleitores latinos em todo país, por uma média de 43 pontos.
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