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Por que decidi votar em Trump: a visão de uma brasileira na Flórida

Questionada sobre o principal opositor de Trump na disputa, o democrata Joe Biden, mineira Evany Hirle diz que não o vê liderando o país

BBC
Luis Barrucho - @luisbarrucho - Da BBC Brasil em Londres
postado em 03/11/2020 11:34
Reprodução/Facebook - Mineira Evany Hirle deu 'voto de confiança' em Trump em 2016 e votou nele novamente agora


Em 2016, a mineira Evany Hirle teve que "desaparecer das redes sociais" depois de dizer, em entrevista à BBC News Brasil, que havia dado um "voto de confiança" ao republicano Donald Trump, então vitorioso nas eleições presidenciais, mas sem experiência prévia na política.

Hoje, quatro anos depois e com a proximidade do fim do primeiro mandato do ex-empresário, que tenta a reeleição, Hirle não titubeia quando questionada em quem vai votar neste pleito.

"Votei em Trump e fiz isso de maneira consciente. Não fui impulsiva. Pelo contrário, pesquisei bastante. O americano que é patriótico, que se preocupa com os valores do país, vai votar em Trump", afirma, dizendo-se "feliz" com seu voto.

Nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, é possível votar antecipadamente. As eleições acontecem oficialmente nesta terça-feira, 3 de novembro.

"Há quatro anos, você me perguntou se eu achava que ele ia arrumar a casa. Ele não fez milagre, mas gosto do posicionamento dele. Ele tem uma personalidade forte - é um trator", explica.

"Os Estados Unidos nunca foram nem nunca serão um país socialista. Somos capitalistas. Aqui é a terra das oportunidades. Não de 'oba oba'. Trump é o candidato mais preparado para nos tirar desse atoleiro", acrescenta ela, referindo-se aos efeitos da pandemia do coronavírus na economia.

Questionada sobre o principal opositor de Trump na disputa, o democrata Joe Biden, Hirle diz que não o vê liderando o país.

"Na época em que ele era vice-presidente (do governo de Barack Obama), eu o via como uma pessoa doce, suave e ponderada. Ele daria certo para ser o que era antes. Mas no momento agora, para levantar o país, precisamos de alguém com pulso firme, como Trump", diz.

Mas se dependesse só da comunidade brasileira nos Estados Unidos, Biden seria eleito presidente dos EUA.

Segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Ideia e obtida com exclusividade pela BBC News Brasil, 71% dos brasileiros que vivem no país e possuem direito a voto dizem que preferem Biden, enquanto 27% optam por Trump.

Donald Trump
AFP
Republicano Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos

De aposentada a motorista de Uber e empresária

Hirle, de 61 anos e há 15 radicada nos Estados Unidos, vive entre as cidades de Orlando e Miami, no Estado da Flórida, um dos considerados cruciais para definir o rumo da corrida presidencial no país.

Professora aposentada, ela se mudou para os Estados Unidos após a morte do primeiro marido. Passou a viver legalmente nos Estados Unidos depois que se casou com um brasileiro que tem dupla cidadania.

Se o voto de confiança em Trump valeu a pena, os últimos quatro anos, no entanto, não foram fáceis para Hirle, diz ela.

"Trabalhei muito e hoje posso desfrutar do que consegui com o meu próprio suor", afirma.

Seu relacionamento terminou e ela se viu sem saber o que fazer. "Não falava inglês direito e não sabia como ia me sustentar sozinha."

"Passei a dirigir um Uber e trabalhava 14 horas por dia", conta.

Aos poucos, diz ela, conseguiu juntar dinheiro suficiente para comprar e alugar casas, montando uma companhia que oferece suporte a turistas brasileiros que viajam à Disney.

Evany Hirle na Disney
Evany Hirle
Evany Hirle montou empresa para atender turistas brasileiros

Hirle tem cinco casas agora, "três em Orlando e duas em Miami".

"Posso me dar o luxo de viver do aluguel, mas só parei de dirigir o Uber porque não posso me expor devido à minha idade", explica, referindo-se ao coronavírus.

Ela credita à gestão de Trump a facilidade com que pôde se tornar rapidamente uma empreendedora.

Também elogia o cheque de auxílio emergencial concedido pelo governo aos afetados pela pandemia.

"A renda de todo mundo minguou. Mas tivemos que nos reinventar. Não temos mais turistas por aqui, então, eu converti minhas casas em espaços para eventos, como chá de bebê e aniversários", diz ela.

"Mas eu mesma esterilizo as casas. Não sou madame", acrescenta.

"Como boa brasileira, me virei. Não volto para o Brasil. Vou morrer aqui", conclui.


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