Nas semanas que antecederam a eleição presidencial de terça-feira (3/11) nos Estados Unidos, correspondentes da AFP viajaram a dezenas de cidades em todo o país para ouvir a opinião dos eleitores sobre as questões mais polêmicas.
Aqui estão os testemunhos de alguns desses eleitores:
"Não tenho esperança"
Demon Lane, um morador de Baltimore, de 27 anos, está entre os afro-americanos que perderam a esperança e acreditam que seu bairro continuará a ser atormentado pelo tráfico de drogas e negligenciado pelas autoridades, independentemente de quem ganhe as eleições.
"Não houve diferença com os três últimos presidentes. Portanto, não haverá diferença com o próximo (...) Não tenho esperança. A única coisa que tenho esperança está em mim mesmo, no que posso fazer pela minha família".
Trump é um "rebelde"
Brian Milo, um ex-funcionário da GM demitido quando a fábrica de Ohio fechou, conta que continua com Trump de qualquer maneira.
"Gosto de um tipo de negócio e gosto que seja de caráter forte. Os Estados Unidos foram, de alguma forma, fundados por pessoas que eram rebeldes... e Trump é como um rebelde".
Milo o perdoa inclusive por não ter cumprido a promessa de recuperar a indústria manufatureira no chamado "Cinturão de Ferrugem" do Meio-Oeste: "Acho que foi algo que ele prometeu e talvez não tivesse capacidade para cumprir".
"Que seja tão racista"
Brook Manewal, co-fundadora do Grupo de Mulheres dos Subúrbios de Connecticut, responde às afirmações do presidente de que seu adversário Joe Biden "destruirá seu bairro e seu sonho americano" com casas de baixo custo.
"Fiquei chocada com a forma como ele estava tentando vender esta imagem de que a mulher suburbana estava do seu lado e de que seja tão racista. Ele nos pinta como tendo medo de perder nossas cercas brancas, nossas casinhas perfeitas e nossos pátios perfeitos e não acho que sejam de nenhuma forma as pessoas que eu encontrei".
"Como isso vai sair do controle?"
Bill Burke, um professor de História de 55 anos que mora na rua onde Biden viveu até seus 10 anos em Scranton, Pensilvânia, alerta sobre a confiança nas pesquisas.
"Nenhum democrata nos Estados Unidos está confiante porque 2016 nos pegou de surpresa, até mesmo a Donald (Trump). A maioria dos democratas está olhando para as boas notícias, os números das pesquisas e tudo, enquanto seu cérebro tenta freneticamente dizer: "Ok, onde está a ameaça? Como isso vai sair do controle?".
"Tratar as pessoas com respeito"
Dan Barker, um juiz aposentado de 67 anos e republicano de longa data fundador do Arizona Republicans com Biden com sua esposa, deu as costas ao atual presidente por discordar de seu comportamento, com base em sua fé mórmon.
"Acreditamos que as pessoas devem ser tratadas com respeito. Se os dois candidatos fossem iguais, eu votaria naquele que se opõe ao aborto por escolha. Mas esses dois candidatos não são iguais. Um deles, do meu ponto de vista, vai construir e fortalecerá nossa democracia, enquanto o outro acredito que, se continuar nesse caminho, terá um impacto extremamente negativo em nossa democracia".
Contra os burocratas
Jim e Sue Chilton, fazendeiros do Arizona, dizem que Trump cumpriu o que esperavam quando assumiu a presidência, porque seu governo reduziu a burocracia.
"Para fazermos qualquer coisa em nossas terras particulares tínhamos que obter licenças (...) e o governo Trump removeu (tais) requisitos. Não preciso mais ter uma licença para fazer nada em minhas terras particulares", afirma Jim Chilton, 81 anos.
"Um homem assim"
Oscar Walton, um homem de 28 anos, disse em Wisconsin que não votou em 2016 porque não sentiu que nem Trump nem Hillary Clinton falaram por ele.
Mas este assistente social e músico vai se certificar de votar em Biden desta vez, ainda que o candidato não tenha inspirado.
"Sinceramente, sinto que precisamos tirar Trump de lá. O principal motivo para mim? Bem, ele é um racista sistêmico. Ponto final. Um homem assim não deveria governar o país".
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