Covid-19

Opas considera desnecessários testes e quarentenas em viagens não essenciais

O diretor da Opas aconselhou "não depender de quarentenas ou exames para retomar viagens não essenciais"

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) considera desnecessária a exigência de exames da covid-19 ou de quarentena para a retomada das viagens não essenciais, afirmou nesta quarta-feira (14) o diretor de Emergências da Saúde da entidade, Ciro Ugarte.

Questionado em entrevista coletiva sobre o assunto, Ugarte aconselhou "não depender de quarentenas ou exames para retomar viagens não essenciais" e citou um documento com recomendações publicado recentemente pela agência a pedido dos seus países-membros.

"Como a Opas, estamos muito cientes da necessidade dos Estados dependentes do turismo de reativar sua economia", ressaltou Ugarte, destacando que a reabertura das fronteiras implica aceitar e avaliar o risco de contágio.

Porém, uma vez tomada a decisão, aconselhou a fiscalizar o estado de saúde dos turistas "durante os primeiros 14 dias da sua estada", mas não obrigando-os a manter isolamento.

Segundo Ugarte, isso deve ser feito com a colaboração dos próprios turistas, da hotelaria e da indústria do turismo em geral, e em um contexto de respeito da comunidade local pelas medidas de saúde pública de prevenção ao contágio.

Por outro lado, ele descartou que os testes diagnósticos para a covid-19 sirvam para prevenir a propagação do vírus, já que "muitas coisas podem ter acontecido" entre o dia da coleta para o exame e o dia do recebimento dos resultados.

"A comunidade se sente segura quando os turistas que chegam são testados, mas essa é uma falsa sensação de segurança", enfatizou Ugarte, indicando que a exigência dos testes pode levar a um uso "ineficaz" dos recursos.

Datado de 9 de outubro, o documento da Opas sobre a retomada de viagens internacionais não essenciais estabelece que não se deve permitir o movimento de pessoas sob medidas restritivas em sua comunidade, e pede para não considerar os turistas como casos suspeitos da covid-19.

"Os viajantes internacionais não devem ser considerados ou tratados como casos de covid-19 e não devem ser obrigados a fazer a quarentena no país de destino", acrescentou o diretor.

Além disso, "não se justifica aplicar intervenções que possam gerar uma falsa sensação de segurança", incluindo triagem de viajantes de acordo com a temperatura corporal, preenchimento de formulários ou declarações de turistas sobre possíveis sintomas ou teste para a covid-19.

"Não se recomenda a realização ou recomendação de testes da covid-19 aos passageiros que planejam ou fazem uma viagem internacional como ferramenta como forma de mitigar o risco de disseminação internacional", afirma o documento, disponível no site da entidade.

Ugarte disse que a Opas mantém "contato próximo" com vários governos da região para ajustar as necessidades relacionadas ao turismo no processo de reabertura de suas economias.