Joe Biden criticou nesta terça-feira (13) o presidente Donald Trump por sua condução da crise da pandemia, em uma visita ao estado-chave da Flórida, em uma tentativa de seduzir os eleitores idosos dos Estados Unidos, que em 2016 se inclinaram pelo republicano, mas que podem decidir a eleição de 3 de novembro.
"O único idoso que importa para Donald Trump é Donald Trump", disse Biden, de 77 anos, durante um pequeno comício no centro comunitário de aposentados de Pembroke Pines, ao norte de Miami. "Ele nunca se importou com vocês", continuou Biden. "A este presidente importa mais o mercado financeiro do que os idosos".
"Sua condução desta pandemia foi errática, a exemplo de sua presidência", completou o ex-vice-presidente de Barack Obama. O candidato democrata lembrou que Trump afirmou que o vírus, que já causou a morte de quase 215.000 pessoas nos Estados Unidos, muitos deles idosos, "afeta praticamente ninguém".
"Vocês são prescindíveis, esquecíveis, são virtualmente ninguém. Esta é a visão de Trump", declarou Biden, que usou uma máscara durante o discurso. A visita do ex-vice-presidente à Flórida acontece um dia depois de Trump realizar um comício naquele estado, o primeiro desde sua internação pela covid-19.
Ao contrário dos pequenos encontros socialmente distantes que caracterizam Biden, milhares de simpatizantes lotaram a pista do aeroporto no marco da volta do presidente à campanha eleitoral presencial.
Trump, de 74 anos, fará outro comício na terça à noite em Johnstown, na Pensilvânia, e esta semana segue para visitas a Iowa, Carolina do Norte e Geórgia como parte de um esforço para recuperar o terreno perdido para Biden.
O democrata tem uma vantagem de dois dígitos nas pesquisas nacionais antes das eleições de 3 de novembro. Iowa e Geórgia foram dois estados nos quais Trump venceu confortavelmente em 2016, mas as pesquisas agora mostram diferenças.
A Flórida obteve 29 votos do Colégio Eleitoral para Trump em 2016, proporcionando sua surpreendente vitória sobre a democrata Hillary Clinton. Naquela eleição, os americanos com 65 anos ou mais favoreceram Trump em vez de Clinton por uma margem de 53% a 45%, segundo o Pew Research Center e outras pesquisas de opinião.
Mas as pesquisas mais recentes mostram uma mudança dos adultos mais velhos em relação ao presidente republicano, em grande parte por causa do seu gerenciamento da pandemia da covid-19, que afetou bastante a população idosa.
A recente pesquisa NBC/Wall Street Journal mostrou Biden com uma vantagem de 27 pontos (62-35%) sobre Trump nesta faixa etária. Outra, a CNN/SSRS, mostrou uma lacuna de 21 pontos percentuais na intenção de voto de americanos com 65 anos ou mais (60% a 39%).
"Baixem a temperatura"
Enquanto isso, uma pesquisa com prováveis eleitores da Flórida publicada nesta terça-feira pela Florida Atlantic University (FAU) colocou Biden com 51% e o republicano com 47%. "Joe Biden ainda é mais competitivo entre os eleitores mais velhos do que Hillary Clinton em 2016, e isso pode fazer a diferença na Flórida", explicou Kevin Wagner, professor de ciência política da FAU.
Entre os entrevistados, 44% disseram que o tratamento de Trump frente a pandemia do novo coronavírus foi bom ou excelente, enquanto 50% o classificaram como ruim ou terrível.
Trump, que se referiu aos idosos como "suas pessoas favoritas no mundo" depois de receber alta do hospital, além de prometer "os mesmos cuidados" que recebeu, ignorou os dados das pesquisas em seu comício na segunda-feira.
"Daqui a vinte e dois dias, vamos ganhar neste estado, vamos ganhar mais quatro anos na Casa Branca!", declarou.
Trump também retratou Biden como um homem muito velho e impróprio para o cargo, destacando um momento na segunda-feira em que o democrata parecia não se lembrar do nome do senador republicano de Utah, Mitt Romney, e erroneamente disse que estava concorrendo ao Senado.
"O sonolento Joe Biden teve um dia particularmente ruim hoje", tuitou Trump. "Ele não se lembrava do nome de Mitt Romney, disse novamente que estava concorrendo ao Senado dos Estados Unidos e esqueceu em que estado estava", acrescentou.
"Se eu fizesse qualquer uma dessas coisas, seria motivo para desqualificação. Sendo ele, está apenas desatento Joe!", finalizou trump. Por sua vez, Romney pediu aos adversários nesta terça-feira que "baixem a temperatura", já que a "consequência do aumento da raiva leva a um lugar muito ruim".
Enquanto isso, o Texas se tornou o último estado a iniciar a votação antecipada, que acontece em um "ritmo recorde" até agora entre os estados que permitem isso, de acordo com Michael McDonald, professor da Universidade da Flórida.
De acordo com o Projeto Eleições dos Estados Unidos, realizado pelo acadêmico, foram contabilizados 11,49 milhões de votos até agora em estados com votação antecipada.