Um tribunal peruano libertou vários ex-funcionários e um cantor presos por um escândalo que quase tirou o cargo do presidente Martín Vizcarra. O Ministério Público, por sua vez, ainda apresentará acusações contra alguns deles.
"A Primeira Câmara de Recursos Criminais de Lima revoga a prisão preliminar de Miriam Morales, Karem Roca, Richard Cisneros e outros, e prevê sua liberdade imediata", anunciou o órgão no Twitter.
Morales, Roca e Oscar Vásquez faziam parte do entorno mais próximo ao presidente Vizcarra. Eles foram presos há uma semana junto com o cantor Richard Cisneros e cinco outras autoridades por causa de alguns áudios em que o presidente pede para que dois colaboradores mintam.
Após ter sido libertado na noite da quinta-feira, a promotora anticorrupção Jenny Sánchez-Porturas pediu nove meses de prisão preventiva contra Morales, Vásquez, Cisneros e Liliana Chanamé Castillo, ex-diretora de Recursos Humanos do Ministério da Cultura.
Cisneros, um cantor pouco conhecido que se apresenta como "Richard Swing", ganhou destaque em maio quando a imprensa descobriu que - em meio à pandemia - o Ministério da Cultura o contratou como palestrante.
O Congresso então abriu uma investigação sobre os contratos, pelos quais Cisneros recebeu cerca de US$ 50.000.
Há quase um mês foram apresentados no Parlamento alguns áudios nos quais Vizcarra, ao encontrar-se com Roca e Morales, pedia-lhes que mentissem sobre a quantidade de vezes que o cantor compareceu ao Palácio do Governo.
A divulgação dos áudios levou a um julgamento de impeachment pelo Congresso no último 18 de setembro, no qual Vizcarra não foi retirado do cargo por não reunir votos suficientes na sessão para removê-lo do poder.
Vizcarra, que demitiu esses assessores pouco antes do julgamento de impeachment, negou ter cometido qualquer ação ilegal no caso. O presidente peruano acrescentou que Roca, um assistente do gabinete presidencial, traiu sua confiança ao gravar suas conversas.