O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retomou sua campanha nesta sexta-feira - apesar das dúvidas envolvendo a sua recuperação da Covid-19 -, em busca de reduzir sua desvantagem nas pesquisas frente ao candidato democrata à presidência, Joe Biden.
A 25 dias das eleições de 3 de novembro, Trump afirmou no programa de rádio de Rush Limbaugh que o tratamento experimental que recebeu (coquetel de anticorpos Regeneron) "é uma cura" para o novo coronavírus, e anunciou dois atos públicos, um neste sábado, em Washington, e outro na Flórida, na próxima segunda-feira.
O presidente afirmou que o tratamento "é melhor do que uma vacina" contra a doença, que já deixou mais de 212 mil mortos nos Estados Unidos, país com mais óbitos. A saúde de Trump, 74, continua levantando questionamentos, apesar das afirmações de seus médicos e de suas tentativas de abandonar a quarentena e retomar a campanha.
O estado de saúde de Trump gera ceticismo, visto que os médicos não publicaram dados importantes, incluindo uma explicação precisa de quando ele foi infectado e quando foi submetido ao último teste de coronavírus e se deu negativo. Informações públicas, como o fato de que ele foi tratado com corticoide, sugerem que seu quadro viral pode ter sido grave no início, levantando dúvidas sobre se ele precisa ficar mais tempo em quarentena.
Somado a esta pressão está o ataque dos democratas no Congresso, depois que a Câmara dos Representantes, controlada pelos democratas, anunciou que deseja estabelecer uma comissão para inquirir sobre a capacidade de Trump de governar e se a 25ª Emenda deve ser aplicada.
A democrata Nancy Pelosi, líder da câmara, afirmou que o projeto "não diz respeito ao presidente Trump, que enfrentará o julgamento dos eleitores, mas mostra a necessidade de se criar um processo para os futuros presidentes".
Na entrevista a Rush Limbaugh, Trump sugeriu, pela primeira vez, que teria se aproximado da morte se não fosse o tratamento. "Graças a isso estou falando com você hoje", assinalou, após citar um amigo que morreu da doença.
O médico do presidente, Sean Conley, anunciou que Trump poderá retomar amanhã os compromissos públicos de forma segura. Segundo a campanha do presidente, ele deverá viajar à Flórida na segunda-feira. Um funcionário do alto escalão indicou que o presidente irá organizar um evento neste sábado no jardim da Casa Branca, em que se manterá distante do público.
'Avaliação médica' ao vivo
Trump passou três noites no hospital no último fim de semana devido à Covid-19. Ontem, participou por telefone de programas da rede de TV Fox News, conservadora, e deverá participar esta noite do programa noturno de Tucker Carlson. Segundo a emissora, ele será submetido a uma "avaliação médica" ao vivo, feita de forma remota pelo médico Marc Siegel, presença habitual na Fox News.
Com a campanha na reta final, muitos pensavam que Trump usaria um dos três debates para tentar desferir um golpe em Biden, tardio mas definitivo. Essa possibilidade, no entanto, também está sendo distorcida. Segundo as pesquisas, sua atitude tensa e as constantes interrupções no primeiro debate realizado em Cleveland, em 29 de setembro, reduziram seu apoio.
Nesta sexta (9), a Comissão de Debates Presidenciais anunciou o cancelamento do confronto entre Trump e Biden, previsto para a próxima quinta-feira, dia 15, em Miami, Flórida.
Depois do anúncio de contágio do presidente pela covid-19, o comitê decidiu que o debate seria realizado virtualmente, mas Trump se recusou a participar do evento neste formato. Com isto, o presidente tem apenas uma última chance de debater cara a cara com Biden na televisão, em 22 de outubro, em Nashville, Tennessee.