Um colaborador do líder parlamentar da Venezuela, Juan Gauidó, foi preso por agentes de segurança, anunciou nesta terça-feira o governo de Nicolás Maduro, um caso que o opositor e aliados haviam classificado de "desaparecimento forçado".
"Rechaçamos a campanha de descrédito contra o estado de direito na Venezuela a propósito da prisão do cidadão Roland Carreño", tuitou o ministro de Comunicações e Informação, Freddy Ñáñez.
Carreño e outros dois opositores, Yeferson Sarcos e Elías Rodríguez, sofreram "um desaparecimento forçado", havia denunciado Guaidó. O fato ocorreu após a saída da Venezuela do mentor político de Guaidó, Leopoldo López, que encerrou uma permanência de 18 meses na residência do embaixador da Espanha em Caracas.
Após ser confirmada a prisão de Carreño, foram libertados os dois opositores que o acompanhavam, informou no Twitter o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP).
Sem citar Sarcos e Rodríguez, Ñañez afirmou que Carreño "confessou sua participação em crimes contra a ordem constitucional para alterar a paz na república", sem dar detalhes sobre a prisão ou os crimes.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, informou no Twitter que investigações preliminares ligam Carreño "à entrega de armas de guerra e dinheiro em espécie a determinados sujeitos para promover ações violentas" no país. Segundo Saab, a polícia prendeu Carreño com "12 mil dólares em espécie e um fuzil".
Paralelamente, o partido Vontade Popular, liderado por Leopoldo López e de cujas fileiras emergiu Guaidó, denunciou que "mais de 20 funcionários vasculham a residência" de Carreño, que é coordenador operacional da organização. Autoridades não se pronunciaram sobre esse procedimento.
Mais cedo, o Colégio Nacional de Jornalistas (CNP) afirmou que Carreño, jornalista, encontrava-se preso na sede do Serviço Nacional de Inteligência Bolivariano (Sebin), no edifício Helicoide, em Caracas.
Quase um dia sem notícias
O governo Maduro confirmou a prisão de Carreño, mais de 22 horas após a equipe de Guaidó denunciar os três "desaparecimentos".
Os opositores "estão desaparecidos desde as 17h30 de segunda-feira", alertou Alfredo Romero, diretor da ONG de defesa de direitos humanos Foro Penal, que contabilizou 359 "presos políticos" no país até o momento.
Os Estados Unidos, principal aliado internacional de Guaidó, condenaram o "desaparecimento forçado" de Carreño. Trata-se "da última tentativa de Maduro de deter arbitrariamente cidadãos para silenciá-los e infundir medo", tuitou o chefe da diplomacia americana para a América Latina, Michael Kozak.
Os "desaparecimentos" acontecem depois que López, ex-prefeito do município de Chacao, em Caracas, deixou a Venezuela, após meses na residência do embaixador espanhol em Caracas, onde permaneceu como hóspede.
Condenado a quase 14 anos de prisão em 2015 - acusado de incitar à violência em protestos contra o governo Maduro que deixaram 43 mortos e cerca de 3.000 feridos em 2014 - López recebeu autorização para ir para a prisão domiciliar em 2017.
Em 30 de abril de 2019, o opositor foi libertado e participou de um levante militar fracassado contra Maduro no mesmo dia, apoiado por Guaidó. Após o fracasso da iniciativa, López se refugiou na casa do embaixador espanhol.
Durante uma coletiva de imprensa em Madri, nesta terça-feira, López denunciou que "nas últimas horas pessoas muito próximas" a ele "desapareceram por causa da ditadura".
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