Israel e Emirados Árabes Unidos (EAU), que acabam de estabelecer relações, concordaram nesta terça-feira (20/10) em isentar seus cidadãos da obrigação de visto, a primeira medida do tipo que o Estado hebreu concede a um país árabe.
Uma delegação dos EAU, liderada pelo ministro de Assuntos Financeiros Obaid Al Tayer e pelo ministro da Economia Abdallah bin Tuq Al Mari, chegou a Israel para a primeira visita oficial desde o acordo de normalização das relações entre os países.
Os participantes chegaram ao aeroporto Ben Gurion de Tel Aviv a bordo de um avião da companhia Etihad Airways, acompanhados pelo secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin, envolvido no processo de normalização. A visita será breve.
"Isentamos nossos cidadãos de vistos", anunciou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao receber a delegação no aeroporto.
"Hoje escrevemos a história que vai perdurar durante gerações", afirmou Netanyahu, ao lado de Tayer e Mnuchin. "Recordaremos este dia como um dia glorioso para a paz", completou.
Após o discurso, representantes israelenses e dos Emirados assinaram quatro acordos sobre a isenção de vistos, proteção dos investimentos, aviação e cooperação científica.
"Nova punhalada"
O ministério israelense das Relações Exteriores confirmou à AFP que os cidadãos dos Emirados são os primeiros de um país árabe que podem viajar a Israel sem visto.
"Isso permitirá uma expansão considerável do turismo de negócios e dos contatos pessoais", comemorou Netanyahu.
Com economias abaladas pela pandemia de covid-19, os dois países esperam colher rapidamente os frutos de suas novas relações, que romperam o "consenso árabe" que apresentava como condição prévia a qualquer normalização de relações com Israel a solução do conflito israelense-palestino.
Os dois países assinaram em 15 de setembro em Washington, diante do presidente Donald Trump, o acordo de normalização. O Bahrein assinou no mesmo dia um acordo similar.
Os dois Estados do Golfo são os primeiros países árabes que normalizam as relações com Israel depois do Egito (1979) e da Jordânia (1994).
O governo dos EAU ratificou na segunda-feira o pacto, validado na semana passada pelo Parlamento israelense.
Os palestinos denunciaram os acordos como uma "traição". A visita da delegação dos Emirados a Israel é "uma nova punhalada nas costas dos palestinos por parte do governo", declarou à AFP Wassel Abu Yussef, membro da direção da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Contra o Irã
No final de agosto, um primeiro voo comercial direto viajou de Tel Aviv para Abu Dhabi, com uma delegação israelense oficial a bordo. E um primeiro voo da Etihad Airways pousou em Israel nesta segunda-feira, para levar profissionais israelenses de turismo aos Emirados.
Os acordos assinados por Emirados e Israel contribuirão para melhorar a segurança regional e "garantir a prosperidade econômica para todas as nações envolvidas", declarou na segunda-feira Mnuchin.
Emirados e Bahrein, monarquias árabes sunitas do Golfo, nunca estiveram em conflito com Israel, mas compartilham com o país uma animosidade a respeito do Irã xiita, grande inimigo dos Estados Unidos na região.
Os países são aliados da Arábia Saudita, líder das monarquias do Golfo e rival regional do Irã.
A administração Trump tenta convencer outros países árabes, como Arábia Saudita e Sudão, a aceitar uma aproximação com Israel.
Um reconhecimento de Israel por parte do reino saudita constituiria um verdadeiro ponto de inflexão no Oriente Médio. Mas as autoridades sauditas afirmam que não têm a intenção de seguir o exemplo dos Emirados e do Bahrein.
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