O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou neste domingo que está "imune à Covid-19", em um esforço para se mostrar forte para lutar contra o adversário democrata, Joe Biden, na reta final para as eleições de 3 de novembro.
"Parece que estou imune, não sei, talvez por muito tempo, talvez por pouco tempo, talvez por toda a vida. Ninguém sabe realmente, mas estou imune", disse Trump em entrevista por telefone ao canal de TV Fox News.
"Vocês têm um presidente imune (...) Vocês têm hoje um presidente que não precisa se esconder em seu porão como seu adversário", acrescentou Trump, que busca um segundo mandato, referindo-se ao candidato democrata Joe Biden.
Apesar da afirmação do presidente americano, a imunidade à Covid-19 não foi comprovada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou em agosto que, com relação ao coronavírus, "ainda não há dados suficientes para confirmar se os anticorpos protegem, quais níveis de anticorpos são necessários ou quanto tempo a proteção vai durar".
No final de agosto, pesquisadores de Hong Kong anunciaram que haviam descoberto o primeiro caso comprovado de reinfecção de covid-19, alguns meses após a recuperação do paciente.
Em breve mensagem divulgada na noite de ontem, Sean Conley, médico do presidente americano, afirmou que já não existe o risco de Trump transmitir o vírus. "Antecipo um retorno totalmente seguro do presidente a seus compromissos públicos."
"Alta total e completa dos médicos da Casa Branca ontem. Isto significa que não posso ter o vírus (imune) e não posso transmiti-lo. É muito bom saber disso!", tuitou Trump neste domingo. Logo depois, o Twitter sinalizou a publicação, por violar as regras da rede social sobre a divulgação de informações enganosas e potencialmente prejudiciais em relação à Covid-19.
Trump foi tratado com Regeneron, um coquetel de anticorpos experimental que pode proporcionar imunidade por apenas alguns meses quando é administrado como tratamento, em vez de vacina. "Em alguns casos, as vacinas podem durar décadas. Mas se você a recebe na forma de imunidade natural, isso ainda não se sabe", assinalou hoje o CEO da Regeneron, Leonard Schleifer, à rede de TV CBS. "Se a obtém do nosso frasco, provavelmente irá durar meses."
Semeando dúvidas
Durante a entrevista ao canal Fox News, Trump, 74 anos, insinuou que o rival democrata, três anos mais velho, poderia estar doente. "Se você olhar para Joe, ele estava tossindo terrivelmente ontem (...) Não sei o que isso significa, mas a imprensa não comentou muito", assinalou.
A equipe de campanha de Biden publica os resultados dos testes de covid-19 que o candidato faz diariamente. Até agora, todos os testes foram negativos, uma transparência que o presidente dos Estados Unidos não pratica.
A equipe médica de Trump se recusa a dizer quando o presidente testou negativo pela última vez, postura que alimenta as suspeitas de que ele não se submetia a um teste havia vários dias antes de anunciar, em 1º de outubro, que havia contraído o novo coronavírus.
No momento em que o número de mortos pela pandemia ultrapassa 214.000 no país, Biden está quase 10 pontos, em média, à frente de Trump nas pesquisas nacionais, e também consolidou sua vantagem em intenção de voto nos estados decisivos para a eleição.
Diante destes números, Trump evoca, mais do que nunca, o fator surpresa de 2016, em busca de repetir a História. Em um tuíte matinal, ele citou o estatístico eleitoral Nate Silver dizendo: "A vitória de Trump em 2016 foi o evento político mais impactante da minha vida".
"Desta vez há mais ENTUSIASMO até do que em 2016", acrescentou. "Ganhar em muitos estados com muito mais facilidade do que as pessoas entendem. GRANDES MULTIDÕES!", assegurou.
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