O volante Fernando Lucas Martins, do clube chinês Beijing Guoan, se manifestou por meio das redes sociais, na noite desta quarta-feira (30/9), após a repercussão pelos mais de 560 dias em que Robson Oliveira, ex-motorista do jogador, está preso na Rússia. Na publicação feita no Instagram, Fernando pediu ajuda ao presidente Jair Bolsonaro e atacou, sem citar diretamente, a Rede Globo, que fez reportagens sobre o caso que, segundo o jogador, insinuaram que ele teria "fugido da Rússia".
Robson foi detido quando o jogador atuava no Spartak Moscou. Ele havia sido contratado para ser motorista de Fernando e levava medicamentos para o sogro do volante, Willian Farias. No entanto, o remédio, Mytedom 10mg (cloridrato de metadona), era proibido no país e o ex-motorista foi preso sob a acusação de tráfico de drogas. Robson alega que não sabia que o medicamento era ilegal.
Em relação ao "caso do Robson", o jogador diz ter se manifestado, enfim, na tentativa de "ser verdadeiramente ouvido pela primeira vez". "Preferi não falar por algum tempo publicamente porque em todas as vezes que me coloquei à disposição, sem exceção, tive as informações que forneci manipuladas, omitidas e distorcidas por interesses que não eram o de mostrar ao público o que houve de forma imparcial", introduziu.
O volante diz que muitas das informações veiculadas são "mentiras" e que o jogador estaria ajudando o ex-motorista arcando, por exemplo, com os honorários dos advogados. "Além disso, mandamos dinheiro para o Robson na prisão para que ele compre itens necessários no seu dia a dia", acrescentou Fernando.
O jogador também divulgou fotos do que diz serem comprovantes de dinheiro enviado a Robson e pagamentos de advogados de defesa para o ex-motorista (veja mais abaixo).
Em reportagem exibida em abril no programa Esporte Espetacular, da Rede Globo, entretanto, Cristiane Teixeira, ex-funcionária de Fernando, afirmou que o jogador tinha conhecimento de que o medicamento era proibido na Rússia. No entanto, Fernando não teria dado amparo ao ex-funcionário após a prisão.
No texto, Fernando convocou, ainda, um mutirão nas redes sociais para pedir ajuda ao governo brasileiro e marcou o perfil oficial do Bolsonaro na publicação.
"Estou fazendo o que está ao meu alcance para ajudar o Robson a provar sua inocência, mas a questão é extremamente complexa e precisa de um envolvimento, de uma força maior, no caso a do governo brasileiro. Tentei entrar em contato diretamente com deputados, senadores, mas não obtive êxito. Por isso, convido vocês a realizarmos também um movimento para entrar nas redes sociais do presidente Bolsonaro e de outras autoridades brasileiras pedindo para que elas intervenham efetivamente no caso do Robson", ressaltou.
Por fim, o Volante diz também fazer parte do movimento 'Justiça pelo Robson' e diz querer que o ex-funcionário saia da prisão o mais rápido possível. “Vamos canalizar nossas energias para fazer essa questão ser tratada pelo congresso, o que é a única coisa que realmente pode ajudar a questão a evoluir de forma positiva”, finalizou.
Veja a íntegra do texto publicado por Fernando:
Boa noite a todos.
Por conta das inúmeras mentiras e boatos que estão espalhando sobre a minha conduta em relação ao caso do Robson, estou aqui na tentativa de ser verdadeiramente ouvido pela primeira vez. Preferi não falar por algum tempo publicamente porque em todas as vezes que me coloquei à disposição, sem exceção, tive as informações que forneci manipuladas, omitidas e distorcidas por interesses que não eram o de mostrar ao público o que houve de forma imparcial. Isso acabou me frustrando e induzindo pessoas a me verem como o vilão dessa história, quando claramente tudo aconteceu por conta de uma infelicidade, que jamais tinha ocorrido na relação Brasil x Rússia. Convido vocês a pensarem por quais motivos tiraram meus esclarecimentos de contexto nas matérias? Por que não colocaram no ar nem um minuto do que o meu advogado disse em mais de uma hora de gravação?
Será que vocês tiveram mesmo acesso a todos os lados da história? A resposta é não, porque isso "não é interessante", ou "não vende matéria". Essa série de acontecimentos acabou me esgotando, mas como outros veículos de informação estão replicando essa versão forjada dos acontecimentos como se fosse verdadeira, decidi colocar à disposição de vocês tudo o que venho fazendo de fato para ajudar o Robson.
Antes de entrar no mérito que me faz escrever nesse momento, gostaria de mostrar exemplos que provam que tenho sido julgado de forma errada por conta da maneira como os fatos foram mostrados ao público. Insinuaram em uma das reportagens que saí fugido da Rússia por causa do problema com o Robson. Quem entende só um pouquinho de futebol sabe que nenhum jogador tem o poder de obrigar um clube a lhe fazer uma proposta pelo simples fato de querer ir embora do país a, b ou c. Isso não existe. O Spartak recebeu a proposta do Beijing Guoan, aceitou, e os chineses exigiram minha presença em um jogo que aconteceu poucos dias depois. Em outra ocasião, chegaram a entrar na área privativa do condomínio onde fica a casa que me pertence até hoje e que morei por anos para mostrar que as minhas coisas ainda estavam lá, como se isso "provasse" que deixei a Rússia às pressas, foragido.
Agora eu pergunto: deixar minhas coisas na minha casa significa que fugi? Sem contar que eu tinha um contrato. Como eu poderia abandonar o trabalho? Chegaram ao ponto de publicar uma manchete onde eu "admitia pela primeira vez" que o remédio não era do Robson, quando eu jamais havia negado isso. Esses são apenas alguns dos inúmeros episódios que induziram muitos a acreditarem que eu tive algum tipo de "culpa" pelo ocorrido. Esse não é o foco do que vim dizer, mas ajuda vocês a entenderem um pouco do que tem sido falado de forma equivocada a meu respeito.
Posto isto, vamos ao que eu realmente quero esclarecer. Se vocês chegaram até esse espaço, acredito que já tenham conhecimento sobre o que aconteceu para que o Robson fosse preso injustamente. Porém, gostaria de lembrar que ele estava de posse de um remédio totalmente legalizado no Brasil, não de um malote de drogas ou qualquer coisa parecida. Ninguém imaginaria que a medicação fosse proibida na Rússia. Peço a vocês para citarem um só motivo aceitável que me levaria a premeditar uma coisa dessas, a arruinar a vida de um inocente e prejudicar a minha própria carreira. O que eu teria a ganhar com isso? Com um pouco de boa vontade vocês podem concluir que isso poderia ter acontecido com qualquer um. Talvez, se as indústrias farmacêuticas alertassem o consumidor para esse tipo de risco, toda essa situação poderia ter sido evitada. Não é justificativa, pois nem fui eu quem pedi para o Robson levar a medicação, mas fatalmente muitos de vocês já viajaram com algum antialérgico, um anestésico, sem se informar se as substâncias contidas ali são legais em outros lugares.
É mentira quando dizem que eu não estou fazendo nada para ajudar o Robson. Desde o começo do processo eu arco com os custos do advogado dele na Rússia e ainda pago para que o advogado brasileiro possa viajar ao país, mesmo não podendo exercer sua função na esfera internacional. Além disso, mandamos dinheiro para o Robson na prisão para que ele compre os itens necessários no seu dia a dia. Tenho documentos que provam isso, entre eles o acordo de cooperação que foi assinado pelo próprio advogado do Robson. Vale ressaltar que forneci essas provas, mas elas nunca foram mostradas ao público, o que reforça tudo o que citei anteriormente. Outro fato importante que a defesa do Robson sempre omite é que eles abriram mão da nossa assistência jurídica em determinado momento do processo, alegando que o advogado da Rússia servia aos nossos interesses. Porém, pouco tempo depois pediram para que voltássemos a custear o mesmo advogado que foi destituído na ocasião, chamado Pavel, o que prova que sempre tivemos a intenção de fornecer o melhor possível para o Robson.
Nunca me neguei a fazer o que me foi pedido legalmente para ajudar o Robson a provar sua inocência. Porém, nenhuma das nossas tentativas foi aceita pela justiça russa até aqui. Levamos a receita do remédio no nome do meu sogro para as autoridades assim que houve o problema, mas alegaram que ela não servia como prova legal. Outra inverdade gravíssima que espalham é a de que o Robson seria solto se o meu sogro for à Rússia. Essa troca não é aceita por eles, tanto é que em nenhum momento eles pediram para que o William se apresentasse. Para o código penal russo o dolo do ocorrido está no ato de entrar com a medicação em questão no país, não importando a quem ela pertença. Já é de conhecimento das autoridades russas que o remédio não é do Robson. Isso é um fato.
Se soubéssemos realmente da proibição, ideia que também foi maldosamente passada ao público mesmo sem provas, meu próprio sogro não teria viajado para o exterior com esse remédio inúmeras vezes, com fez durante cinco anos. Seguimos à disposição das autoridades, como sempre estivemos, para prestar qualquer esclarecimento.
Como disse anteriormente, estou fazendo o que está ao meu alcance para ajudar o Robson a provar sua inocência, mas a questão é extremamente complexa e precisa de um envolvimento, de uma força maior, no caso a do governo brasileiro. Tentei entrar em contato diretamente com deputados, senadores, mas não obtive êxito. Por isso, convido vocês a realizarmos também um movimento para entrar nas redes sociais do presidente Bolsonaro e de outras autoridades brasileiras pedindo para que elas intervenham efetivamente no caso do Robson. Eu também sou parte do "Justiça pelo Robson". Eu também quero que ele saia de lá o mais rápido possível. Vamos canalizar nossas energias para fazer essa questão ser tratada pelo congresso, o que é a única coisa que realmente pode ajudar a questão a evoluir de forma positiva.
Por fim, estou colocando na sequência desse texto as fotos de todos os documentos que provam que eu estou ajudando SIM o Robson, como os comprovantes de pagamento aos advogados e também o acordo de cooperação. Espero ter feito vocês entenderem que essa foi uma infelicidade terrível, que passou longe de ter sido causada por maldade ou pelo simples desejo de querer prejudicar alguém. Peço para que quanto falarem desse assunto citem também o que eu tenho feito para ajudar, não omitam as informações. O fato de o Robson ser inocente não me torna culpado. Estou na China trabalhando e seguindo a minha vida, mas isso não significa de forma alguma que estou fazendo pouco caso com o que o Robson está passando. Sempre penso nisso com enorme tristeza e não vou ter tranquilidade enquanto ele não estiver em casa, em segurança, com sua família.
Obrigado por terem lido esse texto e que Deus abençoe a todos.