A menos de 40 dias das eleições nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump participava nesta sexta-feira de um evento atrás do outro, em vários estados, num ritmo frenético, que contrasta com o enfoque mais tranquilo de seu rival, Joe Biden.
O programa exaustivo do presidente, 74, incluía um debate com "Latinos por Trump" na Flórida, um discurso sobre a situação econômica dos negros na Geórgia, uma reunião de arrecadação de fundos no Hotel Trump da capital americana e um comício na Virgínia.
Trump, que aparece atrás de Biden nas pesquisas, está sob pressão para aproveitar ao máximo as semanas que antecedem a votação de 3 de novembro. "Se perco para uma pessoa que não faz campanha... Eu não sei", brincou, em Atlanta. "Esse cara nunca sai. É terrível, não?"
Biden viajou hoje a Washington para assistir a uma cerimônia no Capitólio, onde acontece o velório da juíza da Suprema Corte Ruth Ginsburg, um ícone progressista. Mas na agenda do ex-vice-presidente de Barack Obama não constavam eventos com eleitores.
'Muito mau com os hispânicos'
Trump iniciou o dia no sul da Flórida, distrito eleitoral crucial no estado, de resultado incerto. Biden foi "muito mau com os hispânicos", disse o presidente, durante evento no seu clube de golfe em Doral, perto de Miami. "Sou um muro entre o sonho americano e o caos", afirmou, diante de muitos latinos que se naturalizaram americanos após chegarem ao país.
O presidente americano seguiu para o estado vizinho da Geórgia, onde os republicanos venceram as últimas seis eleições, mas correm o risco de perder a próxima. Ali, insistiu em que fez "até mais do que o prometido" pelos negros.
"Fiz mais pela comunidade negra em 47 meses do que Joe Biden em 47 anos", afirmou, referindo-se à longa carreira política de seu adversário democrata, que patrocinou uma legislação dura contra o crime na década de 1990, que, segundo especialistas, resultou em uma alta taxa de prisões de negros.
Trump disse que prevê um plano para aumentar o capital dos negros, criar 3 milhões de empregos para a comunidade negra e implementar "os mais altos padrões de vigilância". O presidente retorna, em seguida, a Washington, para se reunir com apoiadores, antes de participar de um comício noturno no aeroporto de Newport News, Virgínia.
Trump parece desestimar a preocupação com o novo coronavírus em seus eventos, onde aparece sem máscara e as aglomerações são frequentes, um cenário contra o qual advertiram os próprios especialistas do governo.
Declarações, não comícios
A estratégia de campanha de Biden, 77, tem sido cautelosa desde o começo da pandemia. Ele passou a maior parte dos meses recluso em sua residência de Delaware.
Apesar de o democrata ter aumentado suas aparições em estados "pendulares", como Wisconsin, Pensilvânia e Michigan, seus eventos são programados com uma interação apenas ocasional com os eleitores. Sua estratégia recente para enfrentar Trump parece ser a divulgação de declarações que abordam as diversas escalas da campanha do presidente.
"Desde a última visita do presidente Trump à Flórida, há apenas duas semanas, mais de 40 mil moradores do estado testaram positivo para Covid-19 e o estado registrou 13 mil mortes ligadas à doença", assinalou Biden ontem, enquanto Trump voava para um comício em Jacksonville. "O presidente Trump não tem um plano, mas eu, sim: vencer a Covid-19, reconstruir melhor nossa economia."