O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, garantiu nesta quarta-feira (23) que as sanções de Washington "colocam em perigo a estabilidade" do país e da região, exigindo à Organização das Nações Unidas (ONU) o fim das medidas contra seu governo e seus aliados internacionais.
Em Washington, "foi imposto o excesso, que é o mais terrível dos pecados, e que parece ter se apoderado das elites americanas", criticou o mandatário venezuelano em discurso virtual exibido na 75ª Assembleia Geral da ONU.
"Em meio a uma pandemia mundial, ninguém entende, nem se explica, o ressurgimento da perseguição criminosa, do bloqueio, contra países nobres como Cuba, Nicarágua, Venezuela, Síria e outros países irmãos", continuou Maduro, que não comparece presencialmente às reuniões da ONU desde 2018.
Com a "violação ilegal" da Carta das Nações Unidas, "a estabilidade de nosso país e da região latino-caribenha está em perigo", continuou Maduro, que exige o fim de todas as sanções.
Maduro foi alvo na segunda-feira de novas sanções anunciadas pelos Estados Unidos por comercializar armas com o Irã, um dos países aliados da Venezuela, ao lado de Rússia, China, Turquia e Cuba.
A administração Trump lidera uma campanha internacional para promover a saída do poder de Maduro, cuja reeleição em 2018 não é reconhecida pelos Estados Unidos. O governo americano também acusa o mandatário venezuelano de corrupção e graves abusos dos direitos humanos.
Washington reconhece o líder do Parlamento, o opositor Juan Guaidó, como o presidente interino da Venezuela, respaldado por cerca de 60 nações, e impõe uma série de sanções que incluem um embargo petrolífero vigente desde abril de 2019.
No início deste ano, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos apresentou acusações de tráfico de drogas contra Maduro e seu círculo íntimo, oferecendo uma recompensa de 15 milhões de dólares por informações que levem à captura do mandatário venezuelano.
"Ainda há tempo para se voltar à legalidade internacional, de reverter o desprestígio", disse Maduro na ONU.
A Venezuela atravessa a pior crise econômica de sua história recente, com uma hiperinflação e uma recessão que se encaminha para um sétimo ano seguido. Cerca de 5 milhões de cidadãos abandonaram o país desde 2015, segundo a ONU.