Justiça

Famílias de reféns decapitados celebram julgamento dos 'Beatles' do EI

O grupo do Estado Islâmico (EI) sequestrou jornalistas estrangeiros, torturou e decapitou alguns prisioneiros, entre eles o britânico Alan Henning e o jornalista americano James Foley

Familiares de vítimas do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) receberam com satisfação, nesta quarta-feira (23/9), a notícia de que dois membros do grupo, apelidados de "Beatles" por seu sotaque inglês, podem ser julgados pelos assassinatos de cidadãos britânicos e americanos.

O Reino Unido entregou, na terça-feira, as evidências solicitadas pelos Estados Unidos, cuja Justiça está "decidida" a julgar Alexanda Kotey e El Shafee el-Sheikh, depois que a Alta Corte de Londres rejeitou um recurso de apelação.

Os dois homens de aproximadamente 30 anos, que tiveram a nacionalidade britânica retirada, integravam um quarteto apelidado de "Os Beatles" por seus reféns, devido ao sotaque inglês de seus membros.

Este grupo sequestrou jornalistas estrangeiros, torturou e decapitou alguns prisioneiros, entre eles os britânicos David Haines e Alan Henning e o jornalista americano James Foley, assassinado em 2014.

A mãe de El Shafee el-Sheikh, que tentava bloquear a comissão rogatória da Justiça dos Estados Unidos, levou o caso à Alta Corte, que o rejeitou.

Para as famílias de David Haines e Alan Henning, esta decisão é por si só "um resultado considerável".

"Sempre desejamos que esses dois homens fossem levados à Justiça em um julgamento justo, para que respondam pelos crimes que são acusados", acrescentaram, citados em um comunicado da organização Hostage International, também em nome da família do fotógrafo John Cantlie, sequestrado na Síria em 2012.

"Às vezes, ficávamos absolutamente desesperados para saber se o sistema judicial conseguiria levá-los à Justiça", disse a irmã de John Cantlie, Jessica Pocock, à BBC Radio 4.

"O que sempre foi terrivelmente importante para nós é que houvesse um julgamento justo", acrescentou.

Capturados em janeiro de 2018 pelas forças curdas na Síria, os dois jihadistas ficaram sob o controle do Exército americano em outubro de 2019 no Iraque devido à ofensiva turca no norte da Síria.

Em um comunicado, o Departamento de Justiça dos EUA disse, na terça-feira, estar "decidido a que esses dois acusados sejam responsabilizados e a conseguir justiça para as vítimas de seus atividades terroristas".

No final de agosto, a justiça dos Estados Unidos garantiu que não os condenaria à pena de morte.