Madri retoma medida de restrição social

Autoridades espanholas impõem limitação de movimentação a 850 mil moradores da região sul da capital do país, como resposta à segunda onda da pandemia da covid-19. Bélgica, França e Líbano registram números alarmantes de novas infecções pelo coronavírus

Quase 1 milhão de habitantes de Madri deverão “ficar em casa o maior tempo possível” para conter a segunda onda da pandemia do coronavírus. As autoridades espanholas determinaram que os moradores das áreas mais atingidas da capital — 850 mil pessoas, ou 13% da população da região — somente poderão sair de seus bairros por motivos de grande necessidade, como seguir até o trabalho, ir ao médico ou levar os filhos à escola. No entanto, poderão circular livremente dentro de sua vizinhança.
Da mesma forma, a entrada nessas áreas está proibida, exceto pelas mesmas razões de necessidade. As medidas serão aplicadas por duas semanas. Nesses bairros ou municípios, localizados na zona sul, a mais pobre de Madri, os parques permanecerão fechados, enquanto os bares e restaurantes terão de limitar sua capacidade a 50%. Não se trata de confinamento em domicílio, como na primavera passada.
“Não penso em nenhum confinamento no país”, disse o primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez. “É verdade que não podemos fechar nenhuma porta, porque, obviamente, o vírus é um agente desconhecido. Mas, acho que agora temos os meios para conter e achatar a curva das infecções”, acrescentou. Sánchez reuniu-se com a presidente conservadora da região de Madri, Isabel Díaz Ayuso, muito criticada pela gestão da crise.
“Temos a impressão de que zombam de nós: podemos continuar trabalhando em outras áreas que não estão confinadas, apesar do risco de aumentar as infecções, e também podemos nos infectar em nossa área”, denunciou Bethania Pérez, enfermeira de 31 anos, durante uma manifestação contra as medidas.

Explosão

A situação também parece preocupante na Bélgica, onde o número de casos positivos ultrapassou 100 mil no domingo; na França, com mais de 10 mil novos casos identificados em 24 horas; e no Líbano, onde as infecções aumentaram desde a explosão de 4 de agosto no porto de Beirute. “Eu não consigo dormir. Os números do coronavírus são chocantes”, disse o médico Firass Abiad, diretor do Hospital Universitário Rafic Hariri, em Beirute. Embora já se esperasse uma alta no número de casos, “o aumento acentuado das mortes, incluindo de um jovem de 18 anos, foi uma notícia terrível”, acrescentou.
Em Israel, país que voltou ao confinamento na última sexta-feira, milhares de manifestantes foram autorizados a protestar em Jerusalém, na noite de domingo, para exigir a renúncia do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção e criticado por sua má administração da crise sanitária. O novo confinamento generalizado, previsto para durar ao menos três semanas, desperta o descontentamento de parte da população.


Sob rígido protocolo, Taj Mahal é reaberto a turistas na Índia

Construído no século XVII, em Agra (180km ao sul de Nova Délhi), com a função de ser um mausoléu, o Taj Mahal reabriu as portas, ontem, depois de seis meses fechado em decorrência da pandemia do novo coronavírus. O monumento de mármore branco, uma joia arquitetônica da arte indo-islâmica, foi criado pelo imperador mongol Shah Jahan em memória de sua amada esposa, Mumtaz Mahal, que morreu em 1631. Patrimônio Mundial da Unesco, o Taj Mahal recebe, em média, 20 mil visitantes por dia — com a covid-19, o número permitido é de 5 mil. Ontem, apenas 200 turistas estiveram no complexo. Para permitir a reabertura, as autoridades indianas adotaram protocolo rígido, que inclui o uso obrigatório de máscara e distanciamento físico. Os visitantes não podem tocar no mármore, e o famoso banco onde todos se sentam para tirar a mais conhecida fotografia do local foi laminado para que possa ser desinfetado sem danificá-lo. Com 1,3 bilhão de habitantes, a Índia registrou mais de 5,4 milhões de casos de coronavírus e 87.882 mortes.

» Impacto “devastador” nos mais vulneráveis

A pandemia da covid-19 surte um impacto econômico “devastador” nas populações mais vulneráveis do mundo, que foram obrigadas a fugir ou que vivem em zonas de conflito, provocando fome ou falta de escolaridade, afirma um relatório publicado pela organização não governamental Conselho Norueguês para Refugiados (NRC). No estudo Espiral descendente, realizado em 14 países (Mali, Afeganistão, Venezuela e Colômbia, entre outros), o NRC indica que quase 75% das 1.400 pessoas entrevistadas apontam uma degradação expressiva de sua situação devido à crise de saúde. De acordo com o relatório, 77% das pessoas entrevistadas perderam o emprego ou tiveram o salário reduzido desde março, 70% tiveram de diminuir o número de refeições em casa e 73% afirmam estar menos preparadas para levar os filhos à escola devido aos problemas financeiros. “As comunidades mais vulneráveis do mundo estão em uma perigosa espiral descendente”, afirmou o secretário-geral do NRC, Jan Egeland.