Washington, Estados Unidos - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, insistiu nesta quarta-feira (16) que os EUA aplicarão novas sanções das Nações Unidas contra o Irã a partir da próxima semana, apesar do amplo consenso de que Washington não possui tal atribuição.
"Os Estados Unidos farão o que sempre fazem. Cumprirão sua parcela de responsabilidade para possibilitar a paz, desta vez no Oriente Médio", disse Pompeo em coletiva de imprensa conjunta com o ministro de Relações Exteriores britânico, Dominic Raab. "Faremos tudo o que for preciso para garantir que essas sanções sejam cumpridas", acrescentou.
Pompeo ativou em 20 de agosto um polêmico procedimento que deveria aplicar apenas um mês mais tarde, ou seja, neste fim de semana, sobre o restabelecimento das sanções internacionais contra Teerã levantadas em 2015 em troca do compromisso iraniano de não se equipar com armas nucleares.
No entanto, quase todos os outros membros do Conselho de Segurança da ONU negam aos Estados Unidos o direito de usar esse mecanismo chamado "snapback", sob o argumento de que em 2018 o país se retirou do acordo nuclear entre as potências e o Irã. Pompeo alega que Washington segue listado como um "participante".
Além disso, desde a saída do acordo, os EUA têm afirmado que as sanções entrarão novamente em vigor, incluindo um embargo de armas convencionais que expira em outubro. Washington não conseguiu fazer com que o Conselho de Segurança o estendesse.
"A ONU aplicará suas sanções como de costume", disse Pompeo nesta quarta-feira, atribuindo isso a uma "resolução atual do Conselho de Segurança". Os aliados europeus dos EUA afirmam apoiar uma extensão do embargo de armas, mas querem preservar uma solução diplomática para a questão nuclear, que consideram mais importante.
Dominic Raab teve o cuidado de não ressaltar essas diferenças, insistindo nos pontos de convergência. "Sempre recebemos bem os esforços americanos e quaisquer outros para expandir" o acordo nuclear com o Irã, disse ele. "Pode haver nuances nas maneiras de chegar lá, mas estamos lidando com isso de forma construtiva".
Pompeo havia acusado em agosto o Reino Unido, a França e a Alemanha de terem "escolhido alinhar-se com os aiatolás" no poder no Irã.