O provável novo primeiro-ministro do Japão é a definição de superação. Filho de um agricultor de morangos e de uma professora da região de Akita (norte), Yoshihide Suga pagou os estudos com trabalhos esporádicos em uma fábrica de papelão ou em um mercado de peixes da capital. Formou-se em direito e ingressou na vida pública como assistente parlamentar de um político de Yokohama. Aos 28 anos, foi eleito membro do conselho municipal desta cidade, a 27km de Tóquio. Em 1996, conquistou uma cadeira como deputado por Yokohama, vaga que ainda ocupa.
Considerado impenetrável, Suga encarna a experiência, o pragmatismo e a continuidade política. Por isso, há muito tempo este político veterano, de 71 anos, era considerado potencial sucessor de Shinzo Abe. Ainda assim, sempre negou ter ambições de chegar ao posto de premiê, mas apresentou a candidatura quando Abe anunciou, em agosto, que abandonaria o cargo por motivos de saúde.
Durante anos, Suga trabalhou ao lado de Abe, de quem foi um conselheiro fiel. Teve papel decisivo no retorno dele ao poder em 2012, depois do fracasso de seu primeiro mandato como chefe de governo entre 2006 e 2007. Abe recompensou-o com a nomeação ao posto de secretário-geral do governo. Suga assumiu o papel de coordenador de políticas entre os ministérios e as agências estatais, o que rendeu a reputação de bom estrategista.
Casado e pai de três filhos, Suga mantém discrição sobre a vida privada. A imprensa do Japão divulgou que ele tem a pescaria e a caminhada como hobbies e que não bebe álcool. Sua imagem pública ganhou força em 2019 quando anunciou o nome da nova era imperial do Japão para todo o país. Desde então, é chamado por muitas pessoas de “tio Reiwa”.