Porto Príncipe, Haiti - O medo invadiu as ruas de Porto Príncipe nesta segunda-feira (14), quando centenas de policiais encapuzados e armados se reuniram em protesto contra o governo e para exigir a libertação de um colega preso.
"Exigimos a libertação imediata de Pascal e um aumento salarial. É isso que pedimos: uma vida melhor", disse um policial que usava óculos escuros e máscara para evitar ser identificado. Os manifestantes circularam em motocicletas, ocasionalmente disparando tiros para o alto, e deram às autoridades algumas horas de ultimato para a libertação do policial preso.
Um agente do esquadrão antidrogas está preso desde o início de maio sob a acusação de homicídio, incêndio criminoso, destruição de bens públicos e atentado à segurança do Estado, por determinação de um juiz.
Num momento em que a insegurança ligada às gangues armadas aumenta no país, a raiva dos manifestantes é direcionada principalmente contra o diretor da polícia nacional, Normil Rameau, função exercida interinamente por ele, ainda não confirmada pelo Parlamento.
"Normil Rameau só trabalha para (o presidente) Jovenel Moïse: os policiais são mortos, baleados e nunca falam nada", afirmou um policial durante a manifestação. Uma manifestação policial parecida já tinha gerado tensão na capital haitiana na sexta-feira.
Durante o protesto anterior, vários carros foram queimados e os manifestantes exigiram e conseguiram a libertação de cinco policiais presos. Nesta segunda-feira, vários veículos também foram queimados e um escritório administrativo foi parcialmente incendiado.
"A situação está assumindo dimensões cada vez mais alarmantes", declarou à AFP Renan Hedouville, chefe da agência de proteção aos cidadãos haitianos.