BIELORRÚSSIA

Líder opositora e mais de 600 ativistas detidos


Mais uma figura importante da oposição na Bielorrússia foi perseguida e detida. Homens não identificados jogaram Maria Kolesnikova dentro de um carro, ontem, de acordo com várias testemunhas. No domingo, uma grande manifestação contra a reeleição do presidente Alexander Lukashenko, em Minsk, acabou em 633 detenções — a repressão mais intensa da ex-república soviética desde o começo do mês passado. Kolesnikova é uma das poucas líderes da oposição que não partiu para o exílio no interior. Ela integra o “conselho de coordenação” da oposição, organismo que deseja preparar o caminho para uma transição política no país e alvo de um processo judicial.

O conselho de coordenação afirma que a Kolesnikova foi “sequestrada”. Ela não responde ao telefone, assim como dois integrantes de sua equipe. A também líder opositora Svetlana Tikhanovskaya, refugiada na Lituânia, acusou as autoridades bielorrussas e disse que elas praticam uma política de “terror”. “Estão equivocadas se pensam que isto vai nos parar. Quanto mais intimidam, mais as pessoas sairão às ruas”, disse. A Comissão Europeia denunciou o sumiço de Kolesnikova e classificou como “inaceitável” a “repressão contínua das autoridades contra a população civil, os manifestantes pacíficos e militantes políticos”.

Repressão

Procurado pela AFP, o Ministério do Interior bielorrusso afirmou não ter informações sobre a detenção de Kolesnikova e seus colaboradores. No domingo, um protesto reuniu, pelo quarto fim de semana consecutivo, mais de 100 mil pessoas em Minsk, apesar da grande presença das forças de segurança e do exército nas ruas da capital. “No total, 633 pessoas foram detidas ontem (domingo) por infringir a lei durante as manifestações”, informou o ministério, segundo o qual 363 seguem em detenção provisória e aguardam a análise de seus casos pelos tribunais.

No domingo, homens com o rosto coberto, com trajes civis e armados com cassetetes foram vistos no centro da capital e perseguindo os manifestantes. Outros protestos ocorreram em cidades como Grodno ou Brest (oeste). Lukashenko, 66 anos, governa a Bielorrússia desde 1994. A oposição considera a reeleição fraudulenta. O presidente, apoiado por Moscou, descarta qualquer tipo de diálogo.

 

Alexei Navalny sai do coma induzido


Depois de ser envenenado com Novichok, um tipo de poderoso agente neurotóxico, o líder opositor russo Alexei Navalny despertou, ontem, do coma induzido, na Alemanha, e deverá deixar de utilizar o respirador artificial “por etapas”. A informação foi divulgada pelo Hospital Charité, em Berlim. “Reage quando falam com ele”, afirma um comunicado divulgado pelo hospital, onde Navalny, de 44 anos, é tratado desde 22 agosto. “O estado de saúde melhorou”, completou o centro médico. Os médicos dizem não ser possível descartar sequelas a longo prazo do “grave envenenamento”. Navalny passou mal em 20 de agosto, durante um voo, e foi internado em caráter de urgência em um hospital de Omsk, na Sibéria. Ontem, o Reino Unido convocou o embaixador da Rússia no país para transmitir sua “profunda preocupação” com o caso.