Um francês de 57 anos, sofrendo de uma doença incurável, decidiu abandonar seus tratamentos e transmitir os últimos momentos de sua vida no sábado (5/9), ao vivo no Facebook, depois que o presidente Emmanuel Macron lhe disse que não poderia ajudá-lo a morrer.
Alain Cocq sofre de uma doença extremamente rara e sem nome, que faz as paredes de suas artérias se colarem, causando "isquemia", ou seja, uma parada, ou insuficiência da circulação sanguínea, em um tecido, ou órgão.
Paralisado por dores incessantes há 34 anos, condenado a permanecer na cama, Cocq gostaria de receber uma sedação profunda, algo que a lei francesa não permite, exceto quando se está a poucas horas da morte certa.
"Decidi dizer chega", explicou esse homem recentemente à AFP, que passou por nove operações em quatro anos e é vítima de descargas elétricas a cada "dois ou três segundos".
"Meus intestinos esvaziam em uma bolsa. Minha bexiga esvazia em uma bolsa. Não posso me alimentar, então eles me alimentam como um ganso, com um tubo no meu estômago. Não tenho mais uma vida decente", disse ele.
Cocq havia escrito ao presidente Emmanuel Macron para autorizar um médico a prescrever um barbitúrico e "partir em paz".
"Como não estou acima da lei, não posso concordar com sua exigência", disse Macron em uma carta enviada a Cocq e da qual a AFP obteve uma cópia.
"Não posso pedir a alguém que ignore o atual quadro jurídico", acrescentou o presidente.
Por esta razão, Cocq confirmou sua intenção de morrer ao parar de se alimentar, hidratar e se tratar - exceto para aliviar a dor - a partir desta sexta-feira, "na hora de dormir".
"Com emoção, respeito sua iniciativa", disse Macron em sua carta, que inclui uma frase manuscrita: "Com todo meu apoio pessoal e meu profundo respeito".
Para "mostrar aos franceses qual é a agonia imposta pela lei", Cocq vai transmitir o fim de sua vida, que estima durar de "quatro a cinco dias", a partir do sábado, quando acordar, "ao vivo" em sua página do Facebook.
Cocq espera que sua luta sobreviva a ele e que, no futuro, seja adotada uma legislação que permita os cuidados no fim da vida para evitar "sofrimento desumanos".
"Minha luta se prolongará no tempo", afirma.