O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, exigiu o fechamento dos centros de detenção de migrantes na Líbia e rejeitou a constante violação dos seus direitos, em relatório apresentado ao Conselho de Segurança nesta quinta-feira (3/9).
"Nada pode justificar as condições horríveis em que refugiados e migrantes são presos na Líbia", destaca o documento.
"Reitero meu apelo às autoridades líbias (...) para que fechem todos os centros de detenção em coordenação conjunta com as entidades das Nações Unidas", acrescentou.
De acordo com o relatório, mais de 2.780 pessoas - das quais 22% eram crianças - foram mantidas em centros de detenção ilegais para migrantes na Líbia até 31 de julho.
Além disso, o documento denuncia "condições horríveis" das prisões, e contém informações sobre "tortura, desaparecimentos forçados e violência sexual e de gênero por parte dos funcionários que coordenam os centros, assim como a falta de alimentos e assistência médica".
"Homens e meninos são regularmente ameaçados quando ligam para suas famílias, para obrigá-los a pagar o resgate", além de que disparam contra eles caso tentem escapar, e quando os consideram fracos demais para sobreviver "são deixados na rua para morrer", ressalta o relatório.
Nos centros de detenção, armazenam-se estoques de armas e munições de grupos armados e refugiados e migrantes são frequentemente recrutados à força, relatou o secretário-geral da ONU.
Mais de um ano após o ataque aéreo de 2 de julho, no qual mais de 50 refugiados e migrantes morreram e dezenas de pessoas ficaram feridas no centro de detenção de Tajura, nas proximidades de Trípoli, até o momento ninguém foi responsabilizado, lamentou Guterres.