Wilmington, Estados Unidos - O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, viajou nesta quinta-feira para Kenosha, foco de protestos contra o racismo e a brutalidade policial, onde se encontrou com parentes de um afro-americano gravemente ferido pela polícia, enquanto intensifica sua campanha para as eleições de novembro.
Em sua primeira grande viagem depois de permanecer confinado em sua casa em Wilmington por causa da covid-19, Biden chega a essa pequena cidade em Wisconsin, um estado-chave para ganhar a eleição, após uma visita polêmica do seu rival, o presidente Donald Trump, que continua a espalhar pelo país seu lema de "lei e ordem".
O candidato republicano não ficará para trás nesta quinta-feira à noite, com um comício agendado na cidade de Latrobe, na Pensilvânia, outro estado fundamental nas eleições.
Marcada pela pandemia que já deixou mais de 180.000 vítimas nos Estados Unidos, uma profunda crise econômica e uma onda histórica de luta contra o racismo, a campanha para as eleições presidenciais em 3 de novembro combina fatores sem precedentes.
E enquanto Biden passa do bilionário republicano nas pesquisas, o suspense continua para as pontuações com resultado mais apertado nos estados com votação decisiva, que fazem e desfazem as vitórias presidenciais nos EUA à medida que mudam de partido para partido.
O candidato democrata à Casa Branca e sua esposa, Jill, se encontraram em particular no aeroporto de Milwaukee no Wisconsin com parentes de Jacob Blake, incluindo seu pai e três irmãos, dois dias depois que o presidente Donald Trump visitou Kenosha, mas não encontrou a família ou mesmo mencionou o nome do homem de 29 anos.
Os jornalistas não puderam comparecer à reunião, que também foi organizada ao meio-dia pelos advogados da família Blake. Segundo a equipe do ex-vice-presidente de Barack Obama, ele se encontrou pessoalmente com o pai, duas irmãs e um irmão de Jacob Blake, enquanto sua mãe participava por telefone.
"Curar as feridas"
O incidente reacendeu os protestos antirracistas e gerou três noites de agitação em Kenosha, uma cidade de 100.000 habitantes às margens do Lago Michigan. "Devemos curar as feridas", afirmou Biden, de 77 anos, que mantém sua denúncia ao "racismo institucional" e se apresenta como sendo contra a violência.
Biden, zomabado implacavelmente por Trump por sua suposta "falta de energia", mostrou na segunda-feira que adotará um ritmo de campanha mais apoiado no discurso em Pittsburgh, na Pensilvânia.
Apresentando-se como um defensor da segurança dos Estados Unidos frente aos democratas "radicais", Trump visitou as ruínas das lojas incendiadas por causa dos protestos em Kenosha, agradeceu à polícia e comparou as violentas manifestações ao "terrorismo interno".
A tensão em Kenosha atingiu o ponto máximo em 25 de agosto, quando Kyle Rittenhouse, um adolescente de 17 anos, disparou contra três manifestantes, matando dois. Trump se recusou a condenar as ações de Rittenhouse, acusado de assassinato em primeiro grau.
"Puramente política"
Em 2016, Trump surpreendeu ao vencer por poucos pontos de diferença nesse estado do meio-oeste, onde a rival Hillary Clinton não havia feito campanha. Dessa vez, todos estão olhando atentamente para Wisconsin.
Cientes de sua importância, os democratas optaram por organizar sua convenção nacional ali, na cidade de Milwaukee, para lançar formalmente a candidatura de Biden. Mas no final, o conclave teve que ser totalmente virtual por causa da pandemia.
Os democratas de Wisconsin estavam muito preocupados com a ausência de Biden enquanto se preparam para uma mobilização crucial em 3 de novembro.
Enquanto isso, Trump fez um discurso ao ar livre em Wisconsin no momento da convenção democrata, além de viajar para outros estados importantes nas últimas semanas: Minnesota, Iowa, Arizona, New Hampshire e Carolina do Norte.
Seu diretor de campanha brincou sobre a aparente mudança de rumo de Biden, que havia dito que ele não deveria fazer campanha para evitar a disseminação do novo coronavírus. "E então as pesquisas apontaram resultados mais apertados" em estados-chave, "sabemos que a motivação é puramente política", ressaltou Bill Stepien à Fox News nesta quinta-feira.
Biden disse na quarta-feira que gostaria de sair mais e sentiu que "um presidente tem a responsabilidade de dar o exemplo", respeitando as medidas de proteção à covid-19. Em qualquer caso, sua campanha silenciosa valeu a pena até agora: o veterano político anunciou na quarta-feira que arrecadou US$ 364,5 milhões em agosto, um recorde.